Comboio do Talibã patrulha rua de Cabul, capital afegãAFP

O Talibã prometeu novamente ao governo dos Estados Unidos que permitirá a saída do país dos afegãos que assim desejarem, afirmou nesta terça-feira (7) o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que visita o Catar.
Líderes do movimento islamita, que retornou ao poder no Afeganistão em agosto, afirmaram que "permitirão que as pessoas com os documentos de viagem partam de maneira livre", disse Blinken em uma entrevista coletiva.
"A comunidade internacional espera que o Talibã respeite este compromisso", disse o chefe da diplomacia, ao lado do secretário de Defesa, Lloyd Austin.
O governo do presidente Joe Biden é pressionado por informações, algumas delas confusas, sobre pessoas com passaporte americano que estão bloqueadas no aeroporto de Mazar-i-Sharif, norte do Afeganistão, segundo uma ONG americana.
Sobre a questão, Blinken garantiu que o Talibã não impediu a saída das pessoas com documentos em ordem, mas que não todos os passageiros estavam nesta situação.
"Não há uma situação com reféns em Mazar-i-Sharif", disse.
Ao mesmo tempo, o Catar reafirmou que o aeroporto de Cabul, fechado desde que os últimos soldados americanos saíram do país no fim de agosto, reabrirá em breve, mas não anunciou uma data concreta.
A infraestrutura é essencial para transportar ajuda humanitária ao país, assim como para reativar o processo de retirada dos afegãos em risco, em caso de permissão do Talibã.
Esta é a primeira viagem à região de funcionários de alto escalão do governo americano desde que o Talibã assumiu o poder em 15 de agosto e após a retirada total das tropas estrangeiras.
Durante a crise, o Catar se tornou fundamental, ao atuar como mediador com o Talibã e permitir o trânsito de 58.000 pessoas retiradas do aeroporto de Cabul.
"Muitos países atuaram no processo de retirada do Afeganistão, mas nenhum fez mais que o Catar (...) Os homens, mulheres e crianças que passaram por aqui não esquecerão, nós tampouco", disse Blinken.
Na segunda-feira, os talibãs anunciaram que controlam todo o país e que acabaram com o foco de resistência no vale de Panjshir.
Até o momento, os talibãs não anunciaram um novo governo. Analistas consideram que a chegada ao poder dos islamitas aconteceu de maneira tão rápida que surpreendeu inclusive o movimento, que não estava preparado para as etapas posteriores.