Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom GhebreyesusFabrice Coffrini/AFP
A "RTS,S" é uma vacina que age contra o parasita (Plasmodium falciparum) transmitido pelo mosquito mais mortal do mundo e frequente na África. Para a África, onde a malária mata mais de 260 mil crianças de menos de cinco anos todo ano, essa vacina é sinônimo de esperança, principalmente porque teme-se que esta doença, também conhecida como paludismo, se torne cada vez mais resistente aos tratamentos.
"Durante séculos, a malária assolou a África Subsaariana e causou imensos sofrimentos pessoais", declarou Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.
A doença é provocada por cinco espécies de parasitas do tipo Plasmodium, todos eles transmitidos por mosquitos. O Plasmodium falciparum é o mais patogênico e responsável pelos casos fatais.
"Faz tempo que esperávamos uma vacina contra a malária eficaz e agora, pela primeira vez, temos uma recomendada para uso generalizado", acrescentou Moeti.
Desde 2019, um programa piloto foi implementado em três países da África Subsaariana, Gana, Quênia e Malauí, que introduziram a vacina em várias regiões onde foram administradas mais de dois milhões de doses.
A "RTS,S", fabricada pela gigante farmacêutica britânica GSK, é a primeira vacina e a única até agora que demonstrou ser eficaz em reduzir significativamente o número de casos de malária, incluída a variante grave e potencialmente mortal em crianças.
Financiamento
Em maio de 2018, as autoridades reguladoras de Gana, Quênia e Malauí autorizaram seu uso em algumas áreas. Segundo a OMS, os testes clínicos de fase 3 demonstraram que a vacina, quando administrada em 4 doses, previne 4 em 10 casos de malária e 3 em 10 casos da variante que ameaça a vida.
Mas, para uma implementação em massa, é necessário financiamento.
A Aliança para as Vacinas (Gavi) anunciou que examinará "se e como financiar um novo programa de vacinação contra a malária nos países da África subsaariana", em comunicado publicado após o anúncio da OMS.
O ano de 2021 esteve marcado por avanços importantes na luta contra a malária, uma doença à qual os laboratórios farmacêuticos e a pesquisa prestaram pouca atenção durante anos. Um protótipo de vacina desenvolvido pela Universidade de Oxford, o Matrix-M, gerou esperanças em abril, com uma eficácia incomparável de 77% nos testes de fase II. Poderia ser aprovado em dois anos.
Em julho, o laboratório alemão BioNTech informou que queria aplicar na malária a tecnologia de RNA mensageiro, usada em sua vacina contra a covid-19. A OMS espera que sua recomendação incentive os cientistas a desenvolver outras vacinas.
A RTS,S é "uma vacina de primeira geração muito importante", declarou Pedro Alonso, diretor do programa contra a malária da OMS. "Mas esperamos (...) que incite os pesquisadores a buscarem outros tipos de vacinas para complementá-la ou superá-la".
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