Nicolás MaduroAFP

Um juiz dos Estados Unidos retirou nesta segunda-feira, 1°, sete das oito acusações de lavagem de dinheiro contra Alex Saab, um empresário colombiano vinculado ao governo venezuelano, devido a "garantias" dadas a Cabo Verde durante o processo de extradição do acusado.
Saab é julgado em Miami, sudeste dos Estados Unidos, desde 18 de outubro, dois dias depois de chegar a esta cidade procedente do arquipélago africano.
Agora a justiça americana deixará de atribuir a ele sete acusações de lavagem de capitais e só manteve uma, a de conspiração para lavar dinheiro, pela qual pode pegar até 20 anos de prisão. O juiz Robert Scola, do Distrito Sul da Flórida, assinou a ordem a pedido da promotoria.
Em 7 de setembro de 2020, durante o processo de extradição, os Estados Unidos haviam dado "garantias" a Cabo Verde de que "não denunciaria ou puniria o acusado Alex Nain Saab por mais de uma acusação do indiciamento", explicou a promotoria em sua solicitação enviada ao juiz. A decisão foi tomada para "cumprir a lei de Cabo Verde relacionada com o prazo máximo de detenção", explicou.
Saab chegou a esta cidade da Flórida em 16 de outubro depois de ter sido extraditado de Cabo Verde, a pedido dos Estados Unidos. Segundo a acusação americana, Saab e seu sócio, o foragido colombiano Álvaro Pulido, transferiram 350 milhões de dólares obtidos ilegalmente na Venezuela para lavá-los através dos Estados Unidos.
Promotores americanos afirmam que os dois assinaram um contrato com o governo da Venezuela em novembro de 2011 para construir moradias para famílias de baixa renda. Eles teriam lucrado e implantado um esquema de propinas, aproveitando-se da taxa de câmbio controlada pelas autoridades venezuelanas.
A promotoria informou no texto que a retirada das acusações só se refere a Saab e não a Pulido. A extradição de Saab, a quem a oposição venezuelana acusa de ser testa de ferro do presidente Nicolás Maduro, irritou Caracas.
O governo Maduro, que deu ao colombiano a nacionalidade venezuelana e um título de embaixador, lutou sem sucesso para evitar que fosse levado aos Estados Unidos. Em julho de 2019, o Departamento do Tesouro americano também sancionou Saab por lavar dinheiro obtido ilegalmente através de um sistema de subsídios alimentares na Venezuela.