Líder ordenou aos dirigentes do movimento que encontrem e "erradiquem" os possíveis adversários infiltradosAFP

O "líder supremo" do Talibã, o mulá Hibatullah Akhundzada, deu instruções nesta quinta-feira, 4, aos dirigentes do movimento para que encontrem e "erradiquem" os possíveis adversários infiltrados em suas fileiras, após uma série de atentados sangrentos contra o novo governo.

"Todos os veteranos (...) devem inspecionar suas fileiras e comprovar que não há entidades desconhecidas que trabalham contra a vontade do governo e erradicá-las o mais rápido possível", disse Hibatullah Akhundzada em um discurso incomum transmitido por porta-vozes do governo.

Desde sua chegada ao poder em 15 de agosto, os talibãs enfrentam uma onda de atentados na ramificação afegã (EI-K) do Estado Islâmico, outro grupo islâmico de origem sunita ainda mais radical.

Na terça-feira, ao menos 19 pessoas, entre elas um alto cargo talibã, morreram em um ataque contra um hospital militar em Cabul reivindicado pelo EI-K.

Depois de ter recrutado muitos para voltar a ter o Afeganistão sob seu controle, os talibãs temem a possível infiltração de militantes rivais, especialmente entre os novos recrutas.

Segundo Hibatullah Akhundzada, cada responsável de unidade "tem que conhecer e passar um tempo com cada um de seus combatentes para ajudá-los em seu trabalho e comportamentos". Mas "nenhum combatente deve ser tratado de forma cruel ou violenta", acrescentou.
Com mais de 20 anos de uma violenta insurgência armada, o Talibã está organizado em centenas de unidades e subgrupos pertencentes a várias facções, às vezes rivais entre si.

Como "líder supremo", Hibatullah Akhundzada, que vive na clandestinidade, é o responsável por manter a unidade e ditar as principais diretrizes internas do movimento.

À espera de um hipotético reconhecimento internacional, o movimento islâmico também tenta evitar que suas tropas cometam erros ou "excessos".

Na semana passada, três convidados de um casamento foram assassinados por homens que se fizeram passar por combatentes talibãs, porque tocaram música durante a celebração. O governo condenou essa ação.