Pyeongchang, na Coreia do Sul, recebe atletas de todo o mundoReprodução/AFP
Estando presente, "a representação diplomática americana trataria estes Jogos como se nada tivesse acontecido, apesar das flagrantes violações dos direitos humanos e das atrocidades da China em Xinjiang. E simplesmente não podemos fazer isso", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
A China havia alertado anteriormente que tomaria "contramedidas" se os Estados Unidos recorressem a tal boicote, chamando-o de "fanfarronice". "Se os Estados Unidos quiserem fazer as coisas do seu jeito a todo custo, a China tomará contramedidas firmes", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian.
"Insisto que as Olimpíadas de Inverno não são um cenário para uma postura política e manipulação", acrescentou. Com este boicote, nenhum representante do governo dos Estados Unidos assistirá aos Jogos Olímpicos ou Paralímpicos, mas os atletas do país vão participar das duas competições.
"Os atletas da equipe americana contam com todo o nosso apoio. Estaremos dando a eles 100% de suporte, enquanto torcemos por eles daqui", afirmou Jen Psaki.
"Cheque em branco para Pequim"
Durante meses, o governo americano vinha buscando a melhor forma de se posicionar com relação aos Jogos de Inverno, um evento popular e planetário, que será realizado entre 4 e 20 de fevereiro de 2022 em um país ao qual acusa de praticar um "genocídio" contra os muçulmanos uigures de Xinjiang, no noroeste da China.
As autoridades chinesas denunciam sistematicamente a "interferência" de ocidentais que condenam esta situação, afirmando que são "centros de formação profissional" para apoiar o emprego e combater o extremismo religioso.
Após o anúncio da Casa Branca, vários políticos americanos saudaram o boicote. "As últimas três décadas de abusos e repressão por Pequim mostram que a comunidade internacional não pode mais assinar um cheque em branco para Pequim e esperar que seu comportamento simplesmente mude", disse a líder democrata da Câmara, Nancy Pelosi.
Do lado republicano, Michael McCaul disse estar "feliz de que o governo Biden finalmente tenha decidido não enviar funcionários aos Jogos de Pequim", uma "escolha óbvia por algum tempo", destacou. Ele também pediu ao presidente Biden para solicitar a adesão dos aliados do país a este boicote, a fim de "negar o valor de propaganda deste evento para o Partido Comunista Chinês".
Justiça para os sobreviventes
"Mas não deve ser a única ação", acrescentou. "Os Estados Unidos devem agora redobrar seus esforços com os Estados alinhados na questão para investigar e determinar os melhores caminhos para que os responsáveis por estes crimes prestem contas e se faça justiça aos sobreviventes".
O Comitê Olímpico dos Estados Unidos, por sua vez, se opõe a um boicote total, explicando que os Jogos são importantes após meses de pandemia. No passado, argumentou a entidade, o boicote aos Jogos de Moscou em 1980, liderado pelos Estados Unidos e apoiado por cerca de 60 outros países, e de Los Angeles em 1984, promovido pela antiga União Soviética e seus aliados, mostrou que usar esses eventos como um "instrumento político "foi um" erro".
Os Jogos de Inverno de Pequim serão realizados de 4 a 20 de fevereiro de 2022.
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