Primeiro-ministro, António CostaAFP
Com o resultado, Costa não dependerá mais dos dois partidos da esquerda radical que o apoiaram a partir de 2015 (mas abandonaram a coalizão em outubro, o que forçou a convocação de eleições antecipadas) e poderá formar um governo apenas com o Partido Socialista (PS). Quatro cadeiras no Parlamento ainda serão definidas nos próximos dias pelos votos emitidos no exterior.
"Uma maioria absoluta não é poder absoluto, governar de maneira solitária... é uma responsabilidade maior", declarou Costa na sede de seu partido.
"As condições foram criadas para fazer investimentos e reformas, para que Portugal seja mais próspero, justo e inovador", acrescentou.
O resultado contraria a tendência de outros países europeus, como Grécia e França, donde os socialistas perderam força eleitoral.
Extrema-direita em alta
"De agora em diante não haverá oposição branda. Assumiremos o papel de ser a verdadeira oposição aos socialistas... e de restaurar a dignidade neste país", acrescentou Ventura.
O primeiro-ministro socialista Costa expressa orgulho por ter "virado a página da austeridade orçamentária" aplicada pela direita após a crise financeira mundial com a aliança histórica formada em 2015 com os partidos da esquerda radical, Bloco de Esquerdas e os comunistas.
Mas, quando o governo minoritário também almejava "virar a página da pandemia" com uma taxa de vacinação recorde e a liberação dos fundos de estímulo econômico europeus, seus aliados rejeitaram o projeto de orçamento para 2022, o que provocou a convocação de eleições antecipadas.
Quando a data da votação foi anunciada há três meses, o PS tinha 13 pontos de vantagem nas pesquisas sobre o PSD. Mas nas últimas semanas, os institutos de pesquisas previam um "empate técnico". "Espero que todos sintam-se seguros para votar", declarou Costa, que votou no fim de semana passado, como também fizeram 300 mil eleitores, em uma votação antecipada organizada por causa da crise de saúde.
Com um a cada 10 portugueses em quarentenas, o nível de participação nas eleições, as terceiras organizadas em Portugal durante a pandemia, era outro fator de incerteza. "Votei nos socialistas, pois precisamos deles neste momento difícil", disse à AFP Manuel Pinto, um ex-marceneiro de 68 anos em Lisboa.
"O balanço do governo não é muito bom, mas com a covid não se pode esperar muito mais", afirmou Isabel Rodrigues, moradora de Lisboa, de 50 anos.
"Apesar de um certo desencanto com o Partido Socialista, a maioria dos eleitores considera que Costa tem mais competência e experiência para governar que Rio, um economista de 64 anos elogiado por sua sinceridade e autenticidade", explica a cientista política Marina Costa Lobo.
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