Protesto contra o pagamento do FMI na Praça de Maio na ArgentinaAFP

Milhares de manifestantes de esquerda protestaram nesta terça-feira em Buenos Aires contra o acordo anunciado pelo governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para refinanciar o empréstimo concedido ao país em 2018, por 44,5 bilhões de dólares.
Sob os lemas "Não ao pacto com o FMI! Não ao pagamento da dívida externa!", cerca de 200 grupos se reuniram na Praça de Maio, em frente à sede do governo, e exigiram o imediato rompimento das negociações com o fundo.
A deputada Myriam Bregman, da Frente de Esquerda e os Trabalhadores (FIT), disse à AFP que o governo, uma aliança entre peronistas moderados e outros de centro-esquerda, deve "lembrar a história argentina: todos os acordos com o FMI desde 1983 levaram ao caos, terminaram em ajuste, hiperinflação e grandes crises sociais. Tem que mostrar por que seria diferente."
O presidente peronista Alberto Fernández anunciou em 28 de janeiro um acordo com o FMI para substituir o empréstimo de 2018 concedido ao governo liberal de Mauricio Macri (2015-2019) por outro programa de facilidades estendidas, também por 44,5 bilhões de dólares, mas com pagamentos até 2036 .
Parte do partido governista Frente de Todos, liderada pelo deputado Máximo Kirchner, filho da vice-presidente Cristina Kirchner, antecipou sua rejeição ao novo acordo, que, segundo o governo, não afetará os gastos sociais, nem o crescimento econômico.
A dirigente Vilma Ripoll (FIT) disse à AFP que "crescer para pagar deveria se chamar crescer para entregar os recursos naturais. Não tem nada a ver com as necessidades do povo argentino, e sim com uma dívida ilegítima e impagável".
O Congresso argentino, onde o partido no poder é a maior força, mas não tem a maioria, deve dar sua aprovação final ao acordo com o FMI. O governo espera definir os termos do novo programa antes do vencimento, em 22 de março, de uma parcela de 2,85 bilhões de dólares que o país não pode mais pagar, disse o ministro da Economia, Martín Guzmán.
A Frente de Esquerda foi a terceira força nacional nas eleições legislativas de novembro de 2021, com 1,5 milhão de votos (6%), mas reúne apenas quatro dos 257 deputados. Sua posição não inclina a balança para nenhum lado.