Joe Biden, presidente dos Estados Unidos AFP
"Os cidadãos americanos deveriam sair agora. As coisas podem acelerar rapidamente", declarou Biden durante uma entrevista para a NBC News, alertando sobre o poderio do exército russo, que tem mais de 100.000 soldados deslocados para a fronteira com a Ucrânia.
No entanto, o presidente dos Estados Unidos descartou novamente enviar soldados à Ucrânia, nem para ajudar a evacuar os cidadãos americanos em caso de invasão.
Isso seria "uma guerra mundial. Quando os americanos e os russos começam a atirar uns nos outros, entramos num mundo muito diferente", afirmou Biden.
A recomendação mais recente do governo brasileiro, de 31 de janeiro, diz que "não há, no momento, nenhuma recomendação de segurança da embaixada brasileira contrária a visitas ou à permanência na Ucrânia".
A entrevista de Biden foi ao ar após o início de importantes manobras conjuntas entre os exércitos russo e bielorrusso às portas da Ucrânia, diminuindo as esperanças de uma desescalada após semanas de intensos esforços diplomáticos na Europa.
Estes exercícios, concentrados principalmente na região bielorrussa de Brest, fronteiriça com a Ucrânia, envolvem o envio de mísseis e armamento pesado e, segundo os Estados Unidos, de 30.000 soldados russos adicionais.
A Otan garantiu que o envio de mísseis, armamento pesado e soldados armados a esse país situado ao norte da Ucrânia era "um momento perigoso para a segurança da Europa", que vive os momentos de maior tensão desde a Guerra Fria.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Moscou de exercer uma "pressão psicológica" sobre a ex-república soviética, agora inclinada para o Ocidente.
"A segurança dos cidadãos britânicos é nossa prioridade máxima, por isso atualizamos nossos conselhos de viagem", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
"Instamos os cidadãos britânicos na Ucrânia a saírem imediatamente pelos meios comerciais enquanto estão disponíveis", acrescentou.
Por outro lado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse nesta sexta, durante reunião remota com seus aliados sobre a situação na Ucrânia, que "teme pela segurança da Europa".
Johnson uniu-se a um telefonema com o presidente dos Estados Unidos e outros líderes mundiais, e disse-lhes "que temia pela segurança da Europa nas circunstâncias atuais".
Manobras defensivas, segundo Moscou
O mandatário alemão se reuniu com líderes dos países bálticos nesta quinta-feira e alertou a Rússia para "não subestimar a união e a determinação como membro da União Europeia e aliando da Otan".
O chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley, disse que queria evitar "incidentes desagradáveis" no início das manobras militares, e conversou por telefone com o colega bielorrusso, general Victor Goulevitch.
O ministro da Defesa russo insistiu que os exercícios focariam em "suprimir e repelir agressões externas" e o Kremlin prometeu que as tropas serão repatriadas ao fim das manobras, previstas até 20 de fevereiro.
A Rússia também enviou seis navios de guerra através do Bósforo para a realização de exercícios navais no mar Negro e no mar de Azov.
Diante da indignação europeia, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, classificou de "incompreensível" a preocupação com os exercícios militares e alertou que "ultimatos e ameaças não levam a lugar algum".
Lavrov recebeu em Moscou a homóloga britânica, Liz Truss, que pediu a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia. A ofensiva diplomática de Londres foi completada pela visita do primeiro-ministro Boris Johnson à Otan e Polônia.
Sanções econômicas
Moscou exige o fim da política de ampliação da Otan, o compromisso de não instalar armas ofensivas perto das fronteiras russas e o recuo da infraestrutura militar da Aliança às fronteiras de 1997, ou seja, antes de a organização receber os ex-membros do bloco soviético.
Os países ocidentais consideram estas condições inaceitáveis e ameaçam Moscou com duras sanções econômicas em caso de ofensiva na Ucrânia, com destaque para possíveis consequências negativas para o gasoduto Nord Stream 2, entre Rússia e Alemanha.
Apesar das tensões, ambas as partes advogam por manter a via diplomática aberta, que parecia dar resultado antes do início das manobras militares em Belarus.
Após a anexação da Crimeia em 2014, uma guerra eclodiu em Dombas (leste da Ucrânia) entre as forças de Kiev e separatistas pró-Rússia que já deixou mais de 14.000 mortes em oito anos, segundo o último balanço da ONU.
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