Fumaça sobe de uma usina de energia depois de bombardeios fora da cidade de Schastia, perto da cidade de Lugansk, no leste da Ucrânia, dia 22, um dia depois que a Rússia reconheceu as repúblicas separatistas do leste da UcrâniaARIS MESSINIS/AFP

Suiça - A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou, nesta terça-feira (22), que está realocando parte de seu pessoal considerado não essencial e seus familiares presentes na Ucrânia, em um contexto de crescente medo de uma possível invasão russa. A organização intergovernamental advertiu que uma escalada do conflito poderá provocar o deslocamento de milhões de pessoas e sua consequente crise humanitária.

"Nosso compromisso é ficar e continuar nosso trabalho na Ucrânia, particularmente no leste" do país, disse a porta-voz da ONU, Alessandra Vellucci, à imprensa, em Genebra. "Continuamos totalmente operacionais", acrescentou.

Ela reconheceu, porém, que, "em consequência da evolução da situação no terreno, consideramos uma realocação temporária de parte do pessoal não essencial e de seus familiares".

Esta declaração foi dada em meio à preocupação com o reconhecimento por parte da Rússia, na segunda-feira (21), das repúblicas separatistas Donetsk e Lugansk na Ucrânia e com sua decisão de enviar uma "força de paz".

Esse reconhecimento quebra o frágil processo de paz - os chamados Acordos de Minsk - que regia o conflito no leste da Ucrânia, o que aumenta os temores de que o Kremlin esteja preparando uma invasão em grande escala.
Nesta segunda, a secretária-geral da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, "lamentou" a decisão russa de reconhecer a independência das repúblicas secessionistas ucranianas, bem como "a ordem de enviar tropas russas para o leste da Ucrânia".
"As próximas horas e (os próximos) dias serão críticos. O risco de um grande conflito é real e deve ser evitado a todo custo", afirmou DiCarlo no início de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

A ONU conta com uma equipe de 1.510 pessoas na Ucrânia, incluindo 149 funcionários estrangeiros, disse Vellucci. Cerca de 100 membros desta equipe se encontram instalados nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país.

Nesta terça-feira (22), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) afirmou que ainda não foi observado um aumento de movimentos de civis, salvo na região leste do país.