Presidente da Rússia, Vladimir Putin, corre o risco de ter bens e ativos congelados na EuropaAFP

Bruxelas - Os países da União Europeia (UE) chegaram, nesta sexta-feira, a um acordo para impor sanções ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em resposta à ofensiva à Ucrânia, revelaram diferentes fontes diplomáticas à 'AFP'. Segundo elas, o bloco adotaria um congelamento de bens, ou ativos, que Putin ou Lavrov possuem no espaço europeu.
A medida será adicionada ao pacote de sanções que os líderes europeus aprovaram na quinta-feira e que os chanceleres devem validar hoje. Estas sanções se concentram nos setores de energia, finanças e transporte da Rússia e também estabelecem restrições à exportação de tecnologia e à concessão de vistos.
Dois dos diplomatas consultados disseram que as últimas ressalvas a estas sanções foram apresentadas por Alemanha e Itália, mas que o acordo foi alcançado. As fontes acrescentaram que o acordo também permitiria incluir no pacote de sanções o veto às viagens ao espaço europeu para portadores de passaportes diplomáticos russos.
Durante o dia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo por um endurecimento das sanções europeias. Logo depois desse pedido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse no Twitter que mais sanções contra a Rússia estão sendo preparadas "com urgência".
Ações coordenadas
A promessa da UE de punir "severamente" o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, pela ofensiva na Ucrânia, nas palavras da ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, estão se confirmando.
"O mais importante é que Putin e Lavrov, responsáveis por esta situação, sejam severamente punidos pela UE... Vamos atingir o governo de Putin onde deveria ser atingido: não não apenas o plano econômico e financeiro, mas no centro do poder", disse Baerbock na chegada a Bruxelas para uma reunião de chanceleres europeus.
A inclusão de Putin e Lavrov na lista de russos sancionados pela UE é parte central da agenda de uma reunião que os chanceleres europeus realizam nesta sexta-feira em Bruxelas. Josep Borrell, chefe de diplomacia da UE, disse que é "pessoalmente muito a favor" da aplicação da medida discutida por líderes em uma cúpula de emergência na quinta-feira.
A decisão deve ser tomada por unanimidade pela UE. "A menos que haja uma surpresa, Putin e Lavrov devem estar na lista de pessoas sancionadas", disse.
Fontes diplomáticas europeias confirmaram à AFP que os países da UE chegaram a um acordo para incluir os dois altos funcionários russos. Na quinta-feira, os líderes da UE aprovaram politicamente a adoção de um enorme pacote de sanções contra a Rússia, e nesta sexta-feira os ministros vão definir se esses dois funcionários serão incluídos na lista de sancionados com o congelamento de bens ou bens. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo dramático nesta sexta-feira para endurecer as sanções europeias à Rússia.
Entenda o conflito
O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 130 mortos e mais de 300 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarização e a eliminação dos "nazistas", segundo o presidente russo.

Outros motivos de Putin pela invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade do país do leste europeu fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar internacional, e da União Europeia, além da ambição de expandir o território russo para aumentar o poder de influência na região.