O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, fala à mídia após conversas entre delegações da Ucrânia e da Rússia na região de Gomel, na BielorrússiaAFP

Moscou - As delegações russa e ucraniana concordaram, nesta segunda-feira (28), com a realização de uma "segunda rodada" de negociações - anunciaram ambas as partes, após terminarem uma primeira reunião e retornarem para suas respectivas capitais para examinarem a situação.


"As partes estabeleceram uma série de prioridades e de questões que exigem algumas decisões", disse Mikhailo Podoliak, um dos negociadores ucranianos, enquanto seu homólogo russo, Vladimir Medinski, afirmou que a nova reunião acontecerá "em breve" na fronteira entre a Polônia e Belarus.

As negociações tratam da invasão da Ucrânia deflagrada na última quinta-feira pelo Exército russo, cujos soldados encontraram forte resistência das forças ucranianas.

Esta primeira rodada de diálogo aconteceu em uma das residências do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, na fronteira entre a Ucrânia e a Belarus, na região de Gomel.

Nesta segunda-feira, enquanto as delegações de ambos os países se reuniam, houve fortes confrontos na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv (leste). Conforme as autoridades locais, pelo menos 11 civis morreram nos bombardeios russos.

Também hoje, durante uma conversa com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, o presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu uma série de condições para acabar com a guerra.

Putin exigiu "o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, o fim da desmilitarização e da desnazificação do Estado ucraniano e a garantia de seu status neutro" como pré-requisitos para qualquer acordo, informou o Kremlin, em um comunicado divulgado após a conversa de ambos por telefone.

O presidente russo enfatizou que a resolução do conflito "só seria possível se os legítimos interesses de segurança da Rússia fossem levados em conta sem condições", segundo o Kremlin.

Na conversa, Putin voltou a chamar o governo ucraniano pró-Ocidental de "neonazista", o que - para alguns observadores - seria um indício de que o presidente russo não pretende negociar, seriamente, com Kiev.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu, por sua vez, que o Exército russo deponha suas armas. 
Entenda o conflito

O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 198 mortos e mais de 1.115 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarização e a eliminação dos "nazistas", segundo o presidente russo.

Outros motivos de Putin pela invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade do país do leste europeu fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar internacional, e da União Europeia, além da ambição de expandir o território russo para aumentar o poder de influência na região.