Tropas russas ocuparam nesta sexta-feira, 4, a maior central nuclear da Ucrânia e da EuropaAFP

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) expressou neste domingo, 6, sua "profunda preocupação" pelas informações de que a comunicação com a central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, foi interrompida depois que a Rússia ocupou o local na sexta-feira.

A agência das Nações Unidas que supervisiona a atividade nuclear declarou em comunicado que o governo ucraniano lhe informou que a direção da central nuclear, situada no sudeste da Ucrânia, estava sob as ordens das forças russas.

Kiev também assinalou que os militares russos haviam cortado algumas redes móveis e de internet e que as linhas telefônicas, o e-mail e o fax tinham deixado de funcionar.

Segundo as autoridades ucranianas, apenas era possível efetuar comunicações por telefone celular, mas com qualidade baixa, informou a AIEA.

"Estou muito preocupado com os acontecimentos dos quais fui informado hoje", declarou o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi.

"Para poder explorar a central com total segurança, a direção e os funcionários devem estar autorizados a efetuar seus trabalhos, vitais, em condições estáveis, sem ingerência indevida ou pressão externa", acrescentou.

Nesse sentido, Grossi se disse "profundamente preocupado" pela "deterioração da situação das comunicações vitais entre a autoridade reguladora e a central nuclear de Zaporizhzhia".

Ademais, a AIEA indicou que o regulador nuclear ucraniano relatou que apenas conseguia se comunicar por e-mail com o pessoal da central ucraniana de Chernobyl, que foi tomada pelos soldados russos em 24 de fevereiro.

Ao que tudo indica, os funcionários já não podem fazer rotações de turno, por isso Grossi insistiu na "importância de que os trabalhadores possam descansar para efetuar suas importantes tarefas com total segurança".

A Ucrânia tem quatro centrais nucleares ativas, que produzem cerca de metade da eletricidade consumida no país, e vários depósitos nucleares como o de Chernobyl.
Entenda o conflito

O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 130 mortos e mais de 300 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarizaração e a eliminação dos "nazistas" , segundo o presidente russo.

Outros motivos de Putin pela invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade do país do leste europeu fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan),
aliança militar internacional, e da União Europeia, além da ambição de expandir o território russo para aumentar o poder de influência na região.