Apartamentos ficaram destruídos após um bombardeio em Kiev, capital da UcrâniaAFP

As conversas para pôr fim à ofensiva militar da Rússia na Ucrânia enfrentam "profundas contradições", mas ainda é possível alcançar um "compromisso", disse nesta terça-feira (15) Mykhailo Podoliyak, negociador e conselheiro do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

"Vamos continuar amanhã [quarta-feira]. É um processo de negociação complicado e extremamente trabalhoso. Existem profundas contradições. Mas, certamente, um compromisso é possível", escreveu o negociador ucraniano no Twitter.

A quarta rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia começou na segunda-feira por videoconferência. Ambas as partes demonstraram algum otimismo recentemente, mas as últimas declarações de Podoliyak mostram a dificuldade das negociações.

O exército russo conseguiu tomar várias cidades ucranianas nos últimos dias. A Ucrânia pede um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas.

Zelensky declarou na terça-feira que era hora de "reconhecer" que a Ucrânia não poderá ingressar na Otan, algo que a Rússia exigia antes de iniciar a invasão em 24 de fevereiro.
Zona de exclusão 
O presidente da Ucrânia reiterou nesta terça-feira ao parlamento canadense o pedido de uma zona de exclusão aérea no seu país, ao lembrar o grande número de vítimas civis causadas pela invasão russa.

"Imaginem suas cidades bombardeadas e sitiadas", disse Zelensky durante sua intervenção por vídeo ao vivo.

"Estão nos dando ajuda militar e humanitária, implementaram sanções severas, mas infelizmente estamos vendo como isso não encerra a guerra", continuou, indicando que a Rússia pretende "aniquilar a Ucrânia".

"Os russos já mataram 97 crianças ucranianas" em bombardeios contra "escolas, hospitais, casas", acusou o presidente ucraniano.

"Não estamos pedindo muito. Estamos pedindo justiça, apoio real, que nos ajude a ganhar", disse Zelensky, aplaudido de pé pelos parlamentares canadenses.

"Podem imaginar chamar seus aliados para pedir que fechem o espaço aéreo, para deter os bombardeios e, em resposta, eles simplesmente expressam suas profundas preocupações com a situação", explicou o líder ucraniano, pedindo novamente uma zona de exclusão aérea em seu país.

Zelensky mencionou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, várias vezes em seu discurso de 12 minutos. "Imagine que às quatro da manhã você começa a ouvir as bombas. Justin, você pode imaginar seus filhos ouvindo essas explosões?", perguntou.

De sua parte, Trudeau, que disse que Zelensky era "uma inspiração para todos", observou que o Canadá continua exigindo que "a Rússia pare de atacar civis e acabe com essa guerra injustificável".

Ottawa anunciou nesta terça-feira que outras 15 personalidades russas foram sancionadas, elevando assim para mais de 500 o número de pessoas ou entidades punidas desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.