Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, compara ataques aéreos russos a 11 de setembroAFP

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky pediu ao Congresso dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, 16, que uma zona de exclusão aérea seja criada para defender civis ucranianos dos ataques russos. Em sua fala, o mandatário chegou a comparar o atentado de 11 de setembro e o bombardeio a Pearl Harbor aos bombardeios que seu país está sofrendo

"Lembrem do 11 de setembro, quando o mal tentou transformar suas cidades, territórios independentes, em campo de batalha”, falou Zelensky que também citou os ataques a Pearl Harbor, no Japão. "Lembrem de Pearl Harbor", disse o mandatário. Para o chefe do Executivo ucraniano, os dois crimes são iguais ao que seu território enfrenta "todas as noites pelas últimas três semanas''.

"É pedir demais, criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, salvar as pessoas? É pedir demais, uma zona de exclusão aérea humanitária?", acrescentou o mandatário antes de mostrar um vídeo de seu país sob as bombas.

Os países do Ocidente, no entanto, já sinalizaram que não estão dispostos a criar uma área de proteção aérea na Ucrânia, posição lembrada por Zelensky ao pedir que pelo menos mais aviões sejam enviados. Após citar a famosa frase "Eu tenho um sonho" de Martin Luther-King, o presidente ucraniano disse: "Tenho uma necessidade, a necessidade de proteger nosso céu. Preciso de sua decisão, de sua ajuda".
O presidente americano Joe Biden, contrário à zona de exclusão aérea, confirmou pouco depois uma ajuda militar adicional de 800 milhões de dólares à Ucrânia, compondo assim um pacote "sem precedentes" de 1 bilhão em uma semana para auxiliar o exército ucraniano a se defender das tropas russas.
"A pedido" do presidente Zelensky, "estamos ajudando a Ucrânia a adquirir sistemas de defesa antiaérea adicionais e de longo alcance", informou Biden, especificando que a ajuda incluirá drones.

Zelensky ainda pediu mais sanções para a Rússia, como a saída de todas as empresas americanas que fazem negócios com os russos.

Na mesma videoconferência, o mandatário ucraniano pediu que os Estados Unidos enviem mais equipamentos militares e que uma nova aliança de países seja criada, pois, na sua avaliação, as instituições fundadas após o fim da Segunda Guerra Mundial não são suficientes.
Mark Warner, presidente do Comitê de Inteligência do Senado Americano, afirmou estar "incrivelmente comovido" com o discurso do líder ucraniano, mas não respaldou uma possível zona de exclusão aérea.

Por outro lado, muitos congressistas apoiam os apelos de Zelensky para que Washington ajude a negociar o envio de armas de estilo soviético à Ucrânia, incluindo os caças MiG da Polônia e sistemas de mísseis terra-ar S-300.

Zelensky foi aplaudido de pé por todos os membros eleitos do Congresso, que receberam broches azuis e amarelos, as cores da bandeira ucraniana.

Sentada na segunda fila e cercada pelos principais nomes do Congresso, a embaixadora ucraniana nos Estados Unidos, Oksana Markarova, também foi aplaudida de pé.

"Slava Ukraini", "Glória à Ucrânia", lançou a presidente da Câmara de Representante, a democrata Nancy Pelosi.
11 de Setembro

No dia 11 de setembro de 2001, 19 membros do grupo terrorista AL-Qaeda, liderado pelo milionário Osama Bin Laden, sequestrou quatro aviões comerciais e os lançou contra os prédios conhecidos como Torres Gêmeas, em Nova York, e contra o Pentágono, em Washington.

A aeronave que fez o voo 11 da AA, foi a primeira a iniciar os ataques, se chocando com a Torre Norte. Pouco tempo depois, o voo 175 da AA atingiu a Torre Sul. Já em Washington, o voo 77 da AA, que iria para Los Angeles, foi lançado contra o Pentágono, enquanto o voo 93 da UA, que seria projetado contra o Capitólio, caiu sem alcançar seu alvo. Ao todo, quase três mil pessoas morreram nos ataques.

Os ataques foram motivados por uma série de fatores de decisões políticas que resultaram no desentendimento entre o alguns países do Oriente Médio e os Estados Unidos. Em 1979, ainda no contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos financiaram grupos conservadores afegãos, conhecidos como mujahidin, para lutar contra as forças da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Um dos membros desses grupos era o então aliado dos Estados Unidos Osama Bin Laden, que resolveu atuar em outros territórios com seu grupo, Al-Qaeda. A relação entre Bin Laden e Estados Unidos só foi estremecida com a Guerra do Golfo.
*com informações da AFP