Prédio residencial foi atingido pelos destroços de um foguete caído em Kiev, capital da UcrâniaAFP

A União Europeia (UE) condenou nesta quinta-feira, 17, as "graves violações do direito humanitário" e os "crimes de guerra" cometidos pela Rússia na Ucrânia, e afirmou que os dirigentes russos terão que prestar contas por esses atos.

"A UE condena nos termos mais enérgicos as Forças Armadas russas e seus líderes, que continuam atacando a população civil e as infraestruturas ucranianas", afirmou o alto representante para a política externa da UE, Josep Borrell, em comunicado.

O teatro da cidade ucraniana de Mariupol (sudeste) "foi fortemente bombardeado na quarta-feira, mesmo servindo de refúgio, bem conhecido e claramente identificado, para os civis, incluídas as crianças", denunciou Borrell.

Além disso, segundo a ONG Human Rights Watch, as forças russas lançaram três ataques distintos contra a cidade de Mykolaiv, lembra a nota.

"Esses ataques deliberados contra civis e infraestruturas civis são vergonhosos, reprováveis e totalmente inaceitáveis. Constituem graves violações do direito internacional humanitário", disse Borrell, que responsabilizou o governo russo por tais "atos de agressão militar e de toda a destruição e mortes que provocam".

"Os autores dessas graves violações e crimes de guerra, assim como os dirigentes governamentais e chefes militares, terão que prestar contas", advertiu.

O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou no dia 2 de março a abertura de uma investigação sobre supostos crimes de guerra cometidos na Ucrânia.

Por sua vez, o presidente americano, Joe Biden, chamou ontem o seu homólogo russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra".

"Visar intencionalmente os civis como alvo é um crime de guerra", disse nesta quinta-feira o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Entenda o conflito

O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 130 mortos e mais de 300 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarizaração e a eliminação dos "nazistas" , segundo o presidente russo.

Outros motivos de Putin pela invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade do país do leste europeu fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan),
aliança militar internacional, e da União Europeia, além da ambição de expandir o território russo para aumentar o poder de influência na região.