Policiais e moradores ao lado de uma cratera em frente a uma casa danificada por bombardeios recentes, nos arredores de Kiev, na Ucrânia, neste sábado (12)DIMITAR DILKOFF / AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou neste domingo (20) um novo bombardeio em uma escola pública de Mariupol. Na transmissão, ele disse que está disposto a negociar com Vladimir Putin para acabar com os ataques da Rússia, que usou um segundo míssil hipersônico. Os novos atentados ocorrem porque ainda não foi alcançado nenhum acordo durante as negociações entre os dois países, apesar de a Turquia ter dito neste domingo que houve progresso.
"Vemos que as partes estão perto de um acordo", disse o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, da província de Antalya. O presidente ucraniano disse, por sua vez, que está pronto para negociar com seu colega russo. "Estou pronto há dois anos e acredito que sem negociações a guerra não vai parar", disse Zelensky, em entrevista transmitida pela rede americana CNN.
Nos últimos dias, Volodimir multiplicou seus contatos por videoconferência com parlamentos estrangeiros para fortalecer o apoio à Ucrânia diante da invasão russa. Neste domingo, ele falou aos membros do Knesset, o parlamento israelense. "É hora de Israel tomar uma decisão... a indiferença mata", disse Zelensky, que tem origem judaica.
Ato de terror
Horas antes, o líder ucraniano denunciou o bombardeio de uma escola de artes em Mariupol, cidade estratégica no sudeste da Ucrânia, sitiada pelos russos e que sofre com a falta de água, gás e eletricidade. Segundo as autoridades locais, a escola serviu de refúgio para centenas de pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, que ficaram presos sob os escombros.
"Infligir algo assim em uma cidade pacífica... é um ato de terror", disse ele, denunciando um "crime de guerra". Em Kiev, um projétil explodiu do lado de fora de um prédio no domingo, ferindo pelo menos cinco pessoas, disse o prefeito Vitali Klitschko. O prédio de 10 andares está seriamente danificado e todas as suas janelas foram destruídas, segundo jornalistas da AFP no local.
"Minha irmã estava na varanda quando aconteceu, ela quase morreu", disse Anna, 30 anos, que mora no prédio.
Os ataques também não pararam em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, no noroeste, onde pelo menos 500 pessoas morreram desde o início da guerra, segundo dados ucranianos.
Mísseis hipersônicos
A Rússia garantiu neste domingo, pelo segundo dia consecutivo, que utilizou mísseis hipersônicos, desta vez para destruir uma reserva de combustível na região de Mikolaiv, no sul. "Um grande estoque de combustível foi destruído por mísseis de cruzeiro 'Kalibr' disparados do Mar Cáspio, e por mísseis balísticos hipersônicos lançados pelo sistema aeronáutico 'Kinjal' do espaço aéreo da Crimeia", disse o Ministério da Defesa em nota sem especificar a data do ataque.
O bombardeio russo também danificou severamente a siderúrgica Azovstal de Mariupol, cujo porto é crucial para a exportação do aço produzido no leste do país. Enquanto isso, a situação humanitária continua a piorar.
"A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões de pessoas fugiram, seja como deslocados internos ou refugiados no exterior", disse o chefe da Acnur, Filippo Grandi, neste domingo.
No norte, o prefeito de Chernigov, Vladislav Atroshenko, descreveu a situação em sua cidade como uma "catástrofe humanitária absoluta". De acordo com o que ele disse na televisão, dezenas de civis morreram depois que os bombardeios chegaram a um hospital.
E em Mariúpol, algumas famílias dizem que há vários dias há corpos caídos na rua. As autoridades da cidade também dizem que alguns moradores estão sendo levados à força para a Rússia e despojados de seus passaportes ucranianos.

Um grupo de crianças, que ficaram presas no porão de uma clínica da cidade, foi evacuado para uma área mantida por separatistas pró-Rússia no leste do país, disseram seus parentes no domingo.