Silvana Pilipenko chegou ao Brasil acompanhada da sogra e do marido depois de fugir da guerra na UcrâniaTv Cabo Branco

Paraíba - Após passar 26 dias desaparecida na Ucrânia, a artesã Silvana Pilipenko desembarcou no Aeroporto Castro Pinto, na Paraíba, neste domingo, 10. A paraibana foi recebida por familiares e amigos, que não seguraram a emoção pelo reencontro.
Silvana vivia em Mariupol, cidade ucraniana constantemente bombardeada pela Rússia, e ficou quase um mês incomunicável por conta das frequentes quedas de energia no local. O último contato que a artesã fez com a família antes de desaparecer foi em 3 de março, quando contou aos parentes dos problemas de fornecimento de luz e do ataque das tropas russas à cidade.
Em um vídeo que enviou à família no dia 2 de março, ela disse: "A cidade está cercada pelas forças armadas, todas as saídas estão minadas, então é impossível tentar sair daqui nesse momento. Basicamente Mariupol faz fronteira com o país atacante, então não podemos seguir nessa direção. Se fôssemos para outra direção, no sentido Polônia ou Hungria, teríamos que atravessar todo território, o que não seria viável diante das circunstâncias e da distância”.
Para fugir da guerra, a artesã, que estava acompanhada pelo marido e pela sogra adoecida, teve que enfrentar um difícil percurso até chegar à Crimeia, região anexada ao território russo em 2014. Ela conta que ficou cansada durante o deslocamento e que o carro que o grupo viajava passou por várias revistas.
Segundo a mãe de Silvana, Antônia Vicente, a artesã “escondeu muito o celular [durante a fuga] para poder chegar com o aparelho e dar notícia”. O contato com a família só foi restabelecido no dia 29 de março, quando Silvana ligou para o filho.
Dois dias depois, ela publicou na internet um vídeo gravado na Crimeia em que falava que o grupo estava fisicamente bem e agradecia o apoio dos brasileiros.
“Continuem orando para aquele povo, para que ele continue sendo forte, continue resistindo e continue sobrevivendo a essa guerra. Eu peço a cada um de vocês que continue orando pelo povo ucraniano porque é uma situação muito delicada e quem está lá não vê muita saída, não tem muitas escolhas”, pediu a artesã no mesmo vídeo.
Depois de passar pela Crimeia, Silvana pegou um voo para o Brasil com conexão em Dubai, nos Emirados Árabes, e em São Paulo, onde chegou neste sábado, 9.
Governo brasileiro
Segundo relatos do filho de Silvana, Gabriel Pelipenko, ao G1, o Itamaraty ajudou em todo o processo de fuga de Mariupol. Gabriel tentou ir ao encontro da mãe quando ela estava em Mariupol, mas desistiu depois de perceber o perigo que a viagem representava.
Por outro lado, a sobrinha da artesã, Beatriz Vicente, afirmou ao mesmo portal de notícias que o governo brasileiro só havia informado a existência de grupo em um aplicativo de mensagem para que os brasileiros entrassem em contato e pudessem pegar um trem que os tiraria da Ucrânia pela Polônia. Depois disso, eles teriam que pegar um voo para o Brasil. A moça destacou que o governo não tem uma equipe na Ucrânia para ajudar os brasileiros, que precisam de internet para conseguir ajuda.

Em nota, o Itamaraty informou que tem conhecimento do caso e que mantém contato com a família de Silvana por meio do escritório de Lviv, na Ucrânia. O órgão também informou que organizações internacionais de apoio humanitário que atuam em Mariupol foram acionadas para localizar a artesã.