Bombeiros tentam extinguir um incêndio depois que um míssil atingiu um prédio nos arredores de Kharkiv, na UcrâniaSERGEY BOBOK/AFP

A Ucrânia frustrou um ciberataque russo contra uma de suas maiores instalações de energia elétrica, anunciaram as autoridades de Kiev, enquanto o país se prepara para uma grande ofensiva militar de Moscou no leste.

O ataque foi executado pelo Sandworm, um grupo de hackers com vínculos com os serviços de inteligência russos, de acordo com o 'Computer Emergency Response Team' (CERT) ucraniano.

O ataque pretendia deixar milhões de ucranianos sem energia elétrica e deveria acontecer em duas fases, segundo a agência governamental. Um primeiro ataque ocorreu em fevereiro e o segundo, evitado, estava previsto para 8 de abril.

Embora o malware do grupo tenha conseguido penetrar no sistema de gestão de rede da instalação, não provocou nenhum corte de energia, afirmou Victor Jora, funcionário de alto escalão do governo ucraniano, em entrevista coletiva.

O ataque utilizou um malware chamado Industroyer2, acrescentou Jora, uma versão atualizada de um malware usado em dezembro de 2015 contra as instalações de energia elétrica do país e que deixou centenas de milhares de residências sem luz.
Corredor humanitário
A Ucrânia não abrirá nenhum corredor humanitário nesta quarta-feira (13), anunciou o governo de Kiev, que acusou a Rússia de "violar as normas do direito internacional", o que torna a situação "perigosa". "Lamentavelmente não abriremos corredores humanitários hoje. Na região de Zaporizhzhya (sul), os ocupantes bloquearam os ônibus e na região de Lugansk (leste) violam o cessar-fogo", afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereshchuk no Telegram.

"Os ocupantes não apenas não respeitam as normas do direito internacional, como também não conseguem controlar de maneira correta seus homens. Tudo isto cria um nível tão elevado de perigo nas estradas que somos obrigados a evitar a abertura de corredores humanitários hoje", acrescentou.

A Ucrânia acusa de maneira sistemática a Rússia de não respeitar o cessar-fogo nos corredores humanitários, mas é incomum que as autoridades renunciem por completo aos mesmos. A última suspensão completa de retirada de civis havia acontecido em 28 de março.

As autoridades do leste da Ucrânia pediram para que os civis abandonem a região ante a iminente ofensiva russa nesta área do país.
Rendição de soldados
Mais de 1 mil soldados ucranianos se renderam às tropas russas na cidade de Mariupol, cercada há várias semanas, afirmou nesta quarta-feira (13) o ministério russo da Defesa. "Na cidade de Mariupol, na zona da fábrica metalúrgica Ilich (...) 1.026 militares ucranianos da 36ª brigada da Marinha entregaram as armas de maneira voluntária e se renderam", afirmou o ministério em um comunicado.

De acordo com a nota, 150 deles estavam feridos e foram levados para um hospital de Mariupol. Na madrugada de quarta-feira, uma reportagem do canal público Rússia 24 já havia anunciado a rendição de mais de 1 mil soldados nesta localidade. As imagens mostram homens com roupas camufladas transportando feridos em macas ou interrogados, de pé, no que parecia ser uma caverna.

Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia afirmaram que pelo menos 20 mil pessoas morreram em Mariupol, bombardeada há mais de 40 dias. Os combates se concentram agora na gigantesca zona industrial da cidade.