No final do mês passado, Musk perguntou aos seus seguidores se eles achavam que o Twitter incentivava a liberdade de expressão. "A liberdade de expressão é essencial para uma democracia em funcionamento. Você acredita que o Twitter adere rigorosamente a esse princípio?", escreveu eleAFP

A proposta de Elon Musk para adquirir 100% do Twitter gerou uma onda de críticas e aplausos, depois que o magnata prometeu abrir a rede social para uma maior liberdade de expressão em benefício da democracia.
Analistas de tecnologia reagiram à oferta do dono de Tesla e SpaceX com preocupações sobre sua transparência, discurso público e, inclusive, sobre como isso poderia trazer impactos à democracia.
O Twitter, considerado uma das maiores e mais influentes plataformas de troca de informação do mundo, recebeu uma oferta de compra de 43 bilhões de dólares por parte de Musk, mas que está cercada de incertezas.
"O Twitter é muito importante para ser propriedade de uma única pessoa", escreveu na rede social Fred Wilson, um investidor de risco. "Deveria acontecer o contrário, uma descentralização", opinou.
A oferta de Musk enfrenta a resistência do Conselho de Administração e de alguns importantes acionistas.
O príncipe saudita Alwaleed bin Talal se opôs à oferta assinalando que ela é muito baixa. Musk, por sua vez, respondeu ironizando a "liberdade de expressão dos meios de comunicação" na Arábia Saudita.
Além disso, Musk adiantou nesta quinta-feira (14) que gostaria levantar o véu do algoritmo que rege a plataforma, permitindo o seu escrutínio e sugestões de mudanças.
Também reiterou sua posição sobre um enfoque mais direto para monitorar os conteúdos na plataforma. "Acho que queremos ser muito relutantes na hora de remover coisas e muito cautelosos com banimentos permanentes. Acho que suspensões temporárias são melhores", disse Musk em entrevista na quinta-feira.
Os adversários políticos do ex-presidente Donald Trump pediram, durante muito tempo, que alguns de seus posicionamentos fossem retirados da rede social, e seus admiradores manifestaram indignação quando ele foi finalmente banido da plataforma por, supostamente, "incitar a violência".
"Considero que o que queremos realmente, como uma espécie de obsessão e realidade, é que o discurso seja tão livre como racionalmente possível", acrescentou Musk.
Os críticos, no entanto, argumentam que uma liberdade de discurso absoluta nas redes sociais seria um tema muito complicado no mundo real.
"Temo pelo impacto na sociedade e na política se Elon Musk comprar o Twitter", tuitou Max Boot, um colunista do jornal Washington Post, que pertence ao magnata Jeff Bezos, fundador da Amazon e concorrente de Musk na corrida espacial.
"Ele [Musk] parece acreditar que, nas redes sociais, é possível fazer qualquer coisa. No entanto, para a sobrevivência da democracia, precisamos de mais moderação de conteúdo, e não de menos", acrescentou Boot.
Contudo, para os que apoiam a ideia de Musk, a conclusão é totalmente oposta.
"É a melhor das notícias para a liberdade de expressão em anos!", escreveu Nigel Farage, político populista do Reino Unido, que ajudou a dirigir a campanha pelo Brexit.
Políticos conservadores dos Estados Unidos, como o senador Ted Cruz, também manifestaram apoio a uma moderação menor na rede social.
"Se a esquerda pensa que tem razão, por que está com tanto medo do livre discurso?", tuitou Cruz em resposta às críticas de Boot.
Para alguns especialistas, no entanto, a ideia de que o Twitter, que atualmente é uma empresa pública, passe para mãos privadas e para uma estrutura que concentraria o poder em Elon Musk, parece contraditória.
"'Tenho que comprar e tornar privada uma praça pública para poder salvá-la!', tente dizer isso em voz alta e verá que soa ridículo", escreveu no microblog Renee DiResta, administradora de pesquisa técnica no observatório da internet da Universidade de Stanford.