Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pede para se reunir com Putin para negociar fim da guerraAFP

Kiev, Ucrânia - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu, neste sábado (23), uma reunião com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para "pôr fim à guerra".

"Acredito que quem começou a guerra poderá pôr fim nela", disse Zelensky em uma coletiva de imprensa em uma estação de metrô no centro de Kiev. O líder ucraniano reiterou que não tinha "medo" de se reunir com Putin, se isso permitisse alcançar um acordo de paz entre os dois países.

Porém, ao mesmo tempo em que pediu um encontro com Putin, Zelensky também advertiu à Rússia que encerrará todas as negociações de paz caso soldados ucranianos sejam mortos em Mariupol, no sudeste do país.

"Se nossos homens forem assassinados em Mariupol e se forem organizados supostos referendos na região de Kherson (sul), a Ucrânia vai se retirar de todo processo de negociação", afirmou Zelensky em uma coletiva de imprensa em Kiev, capital ucraniana.
Ataques
Também neste sábado, no leste da Ucrânia, combatentes ucranianos e russos voltaram a combater, pondo fim às esperanças de uma trégua por ocasião da Páscoa ortodoxa.
O sul e o leste do país se tornaram alvos preferenciais da ofensiva russa que, no domingo (24), completa dois meses. Durante esse período, mais de cinco milhões de ucranianos deixaram o país e sete milhões se transformaram em deslocados internos, o maior êxodo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

O exército russo anunciou, no sábado (23) pela manhã, que realizou 1.908 ataques com artilharia e foguetes nas últimas 24 horas. 
Em Odessa, pelo menos cinco pessoas morreram, e 18 ficaram feridas depois de um bombardeio russo contra a cidade portuária, segundo informações do chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, no Telegram.

"Odessa: cinco ucranianos mortos e 18 feridos. E são apenas os que conseguimos encontrar até agora", anunciou Yermak.

"É provável que o número seja maior", completou, acrescentando que, entre os mortos, está "um bebê de três meses".
No Facebook, a Força Aérea Ucraniana destacou que as forças russas dispararam uma série de mísseis de bombardeiros Tu-95 sobre o Mar Cáspio.
O Exército russo informou que bombardeou com "mísseis de alta precisão" um importante arsenal próximo à Odessa, onde o governo ucraniano armazenava armas entregues pelos países ocidentais.
"As forças armadas russas neutralizaram hoje com mísseis de alta precisão e de longo alcance um terminal logístico onde eram armazenadas grandes quantidades de armas estrangeiras entregues pelos Estados Unidos e pelos países europeus", indicou o exército russo em um comunicado.

No total, mísseis russos atingiram 22 instalações militares ucranianas no sábado, incluindo três depósitos de armas e munições perto de Ilyichovka e Kramatorsk (leste), que foram destruídos, disse o ministério.

Além disso, a aviação russa realizou ataques aéreos contra 79 instalações militares ucranianas, visando 16 arsenais de artilharia e combustível, segundo a mesma fonte.
Blinken na Ucrânia
Zelensky anunciou neste sábado que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará à Kiev neste domingo (24), quando se completam dois meses do início da invasão russa da Ucrânia.

"Amanhã, virão nos visitar autoridades americanas: me reunirei com o ministro da Defesa (Lloyd Austin) e com Antony Blinken", disse Zelensky em uma coletiva de imprensa em uma estação de metrô de Kiev.

Será a primeira visita oficial de membros do governo americano desde 24 de fevereiro.

Zelesnky também disse que espera que seu homólogo americano, Joe Biden, vá a Kiev para "apoiar o povo ucraniano", quando a questão da segurança o permitir.

O mandatário ucraniano precisou que as conversas de domingo se centrariam nas entregas de armas dos Estados Unidos à Ucrânia.

"Na semana passada, os sinais, as mensagens, os passos, os prazos, os números - me refiro às armas americanas -, tudo melhorou", disse aos jornalistas, assegurando estar "agradecido" com a administração americana, ainda que gostasse de ter "armas ainda mais pesadas e potentes" para enfrentar o exército russo.