MariupolAndrey BORODULIN / AFP
Pouco mais de 100 pessoas foram retiradas no fim de semana da grande siderúrgica de Azovstal, o último reduto de resistência ucraniana nesta área da região do Donbass, que está praticamente sob controle total da Rússia.
Dois blindados da ONU e outros veículos de ONGs internacionais, assim como jornalistas, aguardavam os moradores de Mariupol em Zaporizhzhia, cidade que fica a uma distância de 200 quilômetros ao noroeste e ainda sob controle ucraniano, onde há um centro para abrigar os refugiados.
As operações de retirada, que começaram no sábado em coordenação entre Ucrânia, Rússia e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), permitiram, pela primeira vez em dois meses de cerco à cidade, retirar mais de 100 civis que estavam entrincheirados com os combatentes no subsolo da enorme siderúrgica de Azovstal, segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
"Pela primeira vez desde o início da guerra começou a funcionar este corredor humanitário vital (...) Foram dois dias de verdadeiro cessar-fogo no território do complexo siderúrgico", disse.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, declarou que "centenas de civis permanecem bloqueados". A nova operação de retirada estava programada para a manhã de segunda-feira, mas até meio-dia os ônibus não haviam chegado ao ponto de encontro.
Usina
Moscou se concentra nas regiões sul e leste do país, em particular no Donbass, que inclui Donetsk e Lugansk, depois de fracassar na tentativa de tomar a capital Kiev nas primeiras semanas de guerra.
Lyman, um centro ferroviário, pode ser a próxima cidade a cair nas mãos do exército russo após a retirada das forças ucranianas. As tropas russas parecem avançar consideravelmente ao redor da localidade.
"Os russos tentam tomar o controle para preparar o ataque a Severodonetsk", uma das principais cidades do Donbass ainda controladas por Kiev, afirmou o Estado-Maior ucraniano.
A Rússia tenta consolidar sua presença nas áreas sob seu controle e no domingo o rublo, a moeda russa, começou a circular na região de Kherson, em um primeiro momento ao lado da grivnia ucraniana.
"A partir de 1º de maio entraremos na zona do rublo", declarou Kirill Stremousov, administrador civil e militar de Kherson, citado pela agência estatal russa RIA Novosti. Na frente leste, as forças russas avançam de forma lenta, mas constante.
As tropas da Ucrânia, no entanto, também reconquistaram alguns territórios nos últimos dias e nesta segunda-feira anunciaram que seus drones afundaram dois barcos de patrulha russos perto da Ilha da Cobra, no Mar Negro, símbolo da resistência depois que um grupo de guardas de fronteira rejeitou em abril um ultimato de rendição anunciado por um navio de Moscou.
Com a proximidade do 9 de maio, data em que a Rússia celebra com grande pompa a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, o governador da região de Lugansk disse que espera "uma intensificação dos bombardeios".
Mas o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, parece descartar a ideia. "Nossos militares não ajustarão artificialmente suas ações a nenhuma data".
Mais sanções
Fontes diplomáticas afirmaram à AFP que a União Europeia (UE) deve propor uma proibição por etapas da importação de petróleo russo.
Os ministros de Energia do bloco se reúnem nesta segunda-feira à tarde em Bruxelas para definir um calendário sobre a questão.
Vários diplomatas afirmaram que a proibição do petróleo russo seria possível depois de uma mudança de postura da Alemanha, que resistia à medida por considerá-la potencialmente prejudicial para sua economia.
Devido à guerra na Ucrânia, o consórcio de maioria finlandesa Fennovoima anunciou nesta segunda-feira que anulou um contrato com o grupo russo Rosatom para a construção de um reator nuclear na Finlândia.
A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, se reuniu no sábado em Kiev com Zelensky, a principal autoridade americana a visitar a capital ucraniana desde o início da guerra para expressar apoio à Ucrânia.
Ela prometeu trabalhar para aprovar o pacote de ajuda de 33 bilhões de dólares solicitado pelo presidente Joe Biden na semana passada.
Em quase dez semanas de guerra, mais de 5,4 milhões de ucranianos fugiram do país, segundo a ONU, e mais de 7,7 milhões estão em deslocamento dentro do país, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
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