Família real assiste o desfile de aniversário da rainha da varanda do Palácio de BuckinghamDANIEL LEAL / AFP
Após um Brexit que deixou o país com uma forte divisão política e social, uma pandemia que provocou 178.000 mortes e uma inflação recorde de 9% que impõe dificuldades, para muitos dos 67 milhões de britânicos a celebração deve representar um momento de unidade.
Grandes desfiles, missa de ação de graças, corridas de cavalos e uma grande apresentação musical: os elementos da cultura britânica estarão presentes no "jubileu de platina", a celebração das sete décadas da rainha no trono, ao qual ascendeu em 1952 com apenas 25 anos.
"Espero que os próximos dias sejam uma oportunidade para refletir sobre tudo o alcançamos durante os últimos setenta anos, enquanto olhamos para o futuro com confiança e entusiasmo", afirmou a rainha, de 96 anos, em uma mensagem divulgada na quarta-feira à noite.
As festividades terminarão no domingo com um chá e dezenas de milhares de piqueniques e refeições ao ar livre.
"Os jubileus são acontecimentos antropológicos", afirma o historiador e biógrafo Robert Lacey, para quem "as festas de rua que as pessoas organizam (...) são tão importantes quanto as cerimônias transmitidas na televisão".
"São um exemplo de como o Reino Unido se vê através da monarquia, como um veículo para nossa história, nossas tradições e nossos valores", disse à AFP.
Problemas de saúde
Uma pesquisa do jornal The Sun divulgada esta semana mostra que ela tem 91,7% de opiniões favoráveis, contra 67,5% para o príncipe Charles, seu herdeiro de 73 anos, que assume cada vez mais funções monárquicas em uma transição progressiva.
A saúde de sua mãe provoca preocupação desde que, em outubro do ano passado, ela teve que permanecer em repouso e foi hospitalizada para passar por "exames" médicos. Desde então, a rainha enfrentou crescentes problemas de mobilidade e contraiu covid-19, que em suas próprias palavras a deixou "esgotada".
Elizabeth II cancelou sua participação em vários eventos e foi substituída por Charles no "discurso do trono" no Parlamento, uma das funções constitucionais mais importantes da chefe de Estado.
Mas nas últimas semanas, a rainha apareceu sorridente em diversos eventos, alimentando a esperança de que na quinta-feira possa saudar os súditos no Palácio de Buckingham.
Alguns deles estão acampados há vários dias nas proximidades de Buckingham, com barracas na lateral da The Mall, a grande avenida de Londres que leva ao palácio.
E enfrentaram com bom humor a forte chuva que atingiu a capital britânica na terça-feira.
"Tivemos um fantástico granizo britânico, vento e chuva, mas vale a pena. Sempre vale a pena no final e acredito que, quanto mais difícil, mais recompensador", disse Angie Hart, uma canadense de 51 anos que viajou a Londres com o marido e duas filhas para o evento.
"Tenho verdadeiro respeito e amor pela rainha, que trabalhou incansavelmente por toda sua vida. E é o ano do jubileu e, sinceramente, os britânicos sabem como fazer cerimônias, a pompa, como ninguém", completa.
Harry e Meghan
Desta vez, a rainha decidiu que apenas "membros da família real que atendem compromissos públicos oficiais em seu nome" devem aparecer para saudar a multidão.
Isto significa 18 pessoas, incluindo Charles e sua esposa Camila, seu filho mais velho William, de 39 anos e segundo na linha sucessória ao trono, a esposa deste, Catherine, e seus três filhos: George, de 8 anos, Charlotte de 7 e Louis de 4.
Estão fora da lista Andrew, de 62 anos, afastado da vida pública, e Harry e Meghan, que no entanto viajarão ao Reino Unido para participar nas celebrações com os filhos Archie, de 3 anos, e Lilibet, que completará um ano no sábado e ainda não conhece a bisavó.
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