Crianças brincam numa praça em Mariupol que resistiu aos ataques dos bombardeios do exército russoAFP
ONU faz apelo para que crianças ucranianas não sejam encaminhadas para adoção na Rússia
Diretora da Unicef alerta para o risco de adoções forçadas devido a guerra em curso no país
Bruxelas - Nenhuma criança ucraniana deveria ser encaminhada para adoção na Rússia, disse nesta terça-feira, 14, em entrevista coletiva a diretora regional para a Europa e Ásia Central do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Afshan Khan.
"Sempre insistimos em que nenhuma criança seja encaminhada para adoção durante um conflito", porque a ONU favorece que retornem às suas famílias. Qualquer decisão de transferir uma criança deve ser baseada em seu melhor interesse, e qualquer movimento deve ser voluntário", com o consentimento informado da família, assinalou Afshan.
"Reafirmamos, em particular à Federação Russa, que a adoção nunca deve ocorrer durante ou imediatamente após uma emergência" humanitária, porque as crianças que são separadas de suas famílias "não podem ser consideradas órfãos", insistiu a diretora, que retornou recentemente de uma estadia na Ucrânia.
Sobre as crianças "que foram enviadas para a Rússia, trabalhamos em estreita colaboração com mediadores e redes para ver como podemos documentar melhor seus casos", acrescentou, sem fornecer números atualizados sobre as mesmas.
A diretora do Unicef esclareceu que o programa não tem "acesso às crianças que estão além da fronteira russa. Isso é algo que teríamos que fazer em acordo com o governo russo."
A ONU havia expressado em março preocupação com o risco de adoções forçadas de crianças da Ucrânia, principalmente as que estão em instituições ou internatos (cerca de 100 mil, não necessariamente órfãs e cerca de metade deficientes), muitos deles localizados no leste do país.