Blinken criticou a China pelo apoio velado a Putin na guerra da UcrâniaAFP

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, advertiu Pequim sobre seu apoio à Rússia durante uma reunião neste sábado com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. O ato é visto como um sinal de que a invasão da Ucrânia está dificultando os esforços para estabilizar as relações entre as duas superpotências. O encontro aconteceu após uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 em Bali, na Indonésia.
"Mais de quatro meses depois dessa invasão brutal, a China ainda apoia a Rússia", disse Blinken em uma coletiva de imprensa após a reunião. Ele destacou o apoio de Pequim a Moscou nas Nações Unidas, a disseminação de pontos de discussão russos pela mídia estatal da China e exercícios militares conjuntos com Moscou. O governo Biden quer garantir que o gigante asiático — que assinou um amplo acordo de cooperação com a Rússia — não dê apoio a Putin na guerra da Ucrânia.
A China se colocou como neutra no conflito, mas diplomatas do governo de Pequim disseram repetidamente que as preocupações da Rússia com a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) são legítimas. Eles afirmaram ainda que as potências ocidentais, os EUA em particular, são os culpados por colocar Moscou em uma situação de risco. "Não acho que a China esteja de fato se envolvendo de uma maneira que sugira neutralidade", disse Blinken.
O secretário americano se recusou a comentar a resposta do Wang às queixas da Rússia. Wang não agendou coletiva de imprensa e não respondeu às perguntas dos repórteres sobre a posição da potência asiática a respeito da soberania e da integridade territorial da Ucrânia. Autoridades dos EUA tentam pressionar o a China a abandonar o apoio à Rússia.
Wang disse, antes de se encontrar com Blinken, que é "importante permanecer comprometido com os princípios apresentados pelo presidente Xi Jinping — respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação — porque isso serve aos interesses dos dois países, dos dois povos".
O tom duro de Blinken e as saudações relativamente frias trocadas pelos enviados chineses e norte-americanos vieram um dia depois que diplomatas ocidentais criticaram duramente a Rússia por contribuir para os preços mais altos de alimentos e energia.