Volodymyr Zelensky em um porto do sul da Ucrânia para supervisionar a retomada das exportações de cereaisAFP PHOTO / Ukrainian Presidential Press Service
"A Rússia cometeu outro crime de guerra horrendo ao bombardear uma prisão na região ocupada de Olenivka, onde mantinha prisioneiros de guerra ucranianos", denunciou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.
"As Forças Armadas ucranianas, aderindo plenamente aos princípios e normas do direito internacional humanitário, nunca realizaram e não realizam bombardeios contra infraestruturas civis, especialmente em locais onde é provável que se encontrem prisioneiros de guerra", assegurou o Estado-Maior ucraniano em um comunicado.
Ainda de acordo com o comunicado, "as Forças Armadas ucranianas não realizaram nenhum ataque com mísseis, ou artilharia, na área da prisão de Olenivka".
O Estado-Maior ucraniano também acusou o Exército russo de estar por trás do bombardeio da prisão de Olenivka, onde eram mantidos prisioneiros de guerra.
"Desta forma, os ocupantes russos perseguem seus objetivos criminosos: acusar a Ucrânia de ter cometido crimes de guerra e encobrir a tortura de prisioneiros e as execuções que realizaram lá", denunciou o Estado-Maior ucraniano.
Em nota, o Ministério russo da Defesa declarou, por sua vez, que tiros de um sistema de artilharia Himars, entregue à Ucrânia pelos Estados Unidos, atingiram a prisão durante a noite, matando pelo menos 40 pessoas.
O ministério disse que a prisão abrigava, entre outros, membros do batalhão Azov. Esta divisão ganhou notoriedade por defender a cidade de Mariupol contra o avanço das tropas russas e que Moscou diz ser uma formação neonazista.
A Rússia alegou que a "provocação sangrenta do regime de Kiev" tinha como objetivo impedir as tropas ucranianas de deporem as armas e se renderem.
"Esta provocação hedionda foi realizada para intimidar os militares ucranianos", disse o Ministério russo da Defesa.
Após o ataque contra a prisão, a televisão estatal russa exibiu imagens do que pareciam ser celas destruídas.
Carregamento de grãos
"O carregamento do primeiro navio desde o início da guerra está em andamento. É um navio turco", disse Zelensky, segundo comunicado presidencial, que mostrou um vídeo do presidente em frente a uma embarcação com o nome "Polarnet".
De acordo com a Presidência, as exportações poderiam começar "nos próximos dias", com o objetivo de abastecer os mercados internacionais com toneladas de cereais bloqueados nos portos ucranianos desde o início da guerra.
"Estamos totalmente preparados. Enviamos todos os sinais para os nossos sócios, ONU e Turquia, e nossos militares garantem a questão da segurança", declarou Zelensky.
Ainda conforme o presidente, a Ucrânia aguarda apenas um "sinal" da Turquia e da ONU para "começar".
As exportações devem ser retomadas com os navios que estavam com carga quando a invasão começou em fevereiro, mas que nunca puderam deixar o porto, devido à guerra.
O aumento do custo dos alimentos é apenas uma das consequências globais da guerra. O preço da energia também subiu acentuadamente, já que Moscou cortou o fornecimento de gás para a Europa, e a turbulência sacode o mercado de petróleo.
Neste contexto, a Presidência francesa disse que Emmanuel Macron e o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, que se reuniram em Paris na quinta-feira à noite, concordaram em trabalhar juntos para limitar o impacto da guerra.
- Ataques em Mykolaiv -
No terreno, no sul da Ucrânia, ao menos cinco pessoas morreram, e sete ficaram feridas, após um bombardeio russo que atingiu um ponto de ônibus na cidade de Mykolaiv, perto do Mar Negro, segundo o governador regional Vitaly Kim.
Mykolaiv é o maior centro urbano controlado pela Ucrânia perto das linhas de frente na região de Kherson, onde os militares ucranianos lançaram uma contra-ofensiva para recuperar o controle do território costeiro de importância econômica e estratégica.
Mais da metade da população desta cidade de 500.000 habitantes fugiu desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
A presidência ucraniana disse, nesta sexta-feira, que os ataques russos na mesma cidade atingiram um ponto de distribuição de ajuda humanitária no dia anterior, ferindo três pessoas.
Na região leste de Donetsk, o governador Pavlo Kyrylenko informou que as forças de Moscou mataram oito pessoas e feriram 19 em ataques na quinta-feira.
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