Salman Rushdie passa por cirurgia após ser esfaqueado nos EUAReprodução

O escritor britânico Salman Rushdie, cujos escritos o tornaram alvo de ameaças de morte de iranianos, foi submetido a uma cirurgia de emergência após ser esfaqueado em um evento no estado de Nova York, nesta sexta-feira, 12.

Rushdie foi levado de helicóptero ao hospital e submetido a uma cirurgia, informou seu empresário Andrew Wylie em um comunicado no Twitter, prometendo atualizar a informação sobre o estado de saúde do escritor o quanto antes.

Mais cedo, a polícia do estado de Nova York disse que Rushdie foi ferido por uma faca pouco antes do meio-dia do horário local, antes de uma conferência literária em Chautauqua, perto do lago Erie, 110 km ao sul de Buffalo.

"O suspeito correu para o palco e atacou Rushdie e um entrevistador. Rushdie foi esfaqueado aparentemente no pescoço e foi levado de helicóptero para um hospital da região. Seu estado de saúde ainda é desconhecido", anunciou em comunicado.

Um policial estadual designado para o evento na Instituição Chautauqua, onde Rushdie deveria falar, "imediatamente deteve o suspeito", segundo o comunicado da polícia.

As autoridades não deram detalhes sobre a identidade do suspeito ou o provável motivo do ataque.

Imagens postadas online mostram pessoas correndo para ajudar Rushdie no palco.

"Um evento horrível acaba de acontecer na #chautauquainstitution: Salman Rushdie foi atacado no palco em #chq2022. O anfiteatro foi evacuado", escreveu uma testemunha nas redes sociais.

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse que Rushdie estava vivo e o elogiou como "uma pessoa que passou décadas dizendo a verdade ao poder."

Uma década escondido
O escritor de 75 anos chamou atenção com seu segundo romance "Os Filhos da Meia-Noite" de 1981, que recebeu aclamação internacional e o prestigioso Prêmio Booker do Reino Unido por seu retrato da Índia pós-independência.

Mas seu livro de 1988 "Os Versos Satânicos" teve um forte impacto ao provocar uma fatwa, ou decreto religioso, pedindo sua morte pelo líder revolucionário iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini.

O romance foi considerado por alguns muçulmanos como desrespeitoso ao profeta Maomé.

Rushdie, nascido em 1947 em Bombaim em uma família de muçulmanos não praticantes e ateu declarado, foi forçado a viver escondido quando uma recompensa foi oferecida por sua cabeça que ainda é válida.

O governo do Reino Unido, onde estudou e estabeleceu residência, lhe garantiu proteção policial após o assassinato ou a tentativa de assassinato contra seus tradutores e editores.

Passou quase uma década escondido, mudando de casa repetidamente e incapaz de dizer aos filhos onde morava.

Rushdie só começou a deixar sua vida como fugitivo no final dos anos 1990, depois que o Irã disse em 1998 que não apoiaria seu assassinato.

Atualmente vive em Nova York e é um forte defensor da liberdade de expressão. Fez uma forte defesa da revista satírica francesa Charlie Hebdo depois que um grupo de fundamentalistas islâmicos matou alguns de seus funcionários em Paris em 2015.

A revista publicou caricaturas de Maomé que provocaram reações furiosas entre os muçulmanos de todo o mundo.