Vladimir Putin, presidente da RússiaMikhail Metzel / Sputnik / AFP
A Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, esperando encontrar pouca resistência para derrubar o governo pró-Ocidente da Ucrânia. Mas depois de fracassar em sua ofensiva em direção à capital, o exército russo se viu mergulhado em uma guerra de atrito ao longo de uma grande frente de combate no leste e sul do país.Washington fornece apoio econômico e militar crucial para Kiev, principalmente com o envio de armas de longo alcance e artilharia de precisão que permitiram que as forças ucranianas atacassem instalações russas em territórios controlados por Moscou.
Há uma semana, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas por explosões semelhantes em uma base aérea russa na Crimeia. A Ucrânia não reivindicou diretamente a responsabilidade por estes incidentes, mas altos funcionários e militares insinuaram tal envolvimento. O assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak disse nesta manhã que "a Crimeia, em um país normal, é o Mar Negro, as montanhas, a diversão e o turismo. Porém, a Crimeia ocupada pelos russos é de explosões de depósitos de munição e um alto risco de morte para invasores e ladrões".
A Crimeia, península ucraniana anexada em 2014 por Moscou, está na linha de frente da ofensiva militar da Rússia contra a ex-república soviética. Aviões militares russos decolam quase diariamente deste território para atacar alvos em regiões sob controle de Kiev. Ao mesmo tempo, várias áreas desta península estão ao alcance de canhões e drones ucranianos.
Enquanto isso, na região leste do Donbass, epicentro do conflito, a Ucrânia denunciou que a Rússia lançou uma grande ofensiva contra uma refinaria de petróleo na cidade recentemente capturada de Lysychansk, na província de Lugansk. Na província vizinha de Donetsk, que também faz parte do Donbass, uma mulher foi morta e outras duas ficaram feridas em um ataque russo, segundo a presidência ucraniana. Esta importante região de mineração, cenário de um conflito com separatistas pró-Rússia desde 2014, está quase totalmente sob controle de Moscou. Por outro lado, na frente sul, na região de Kherson, a tensão continua em torno da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ocupada pelas forças russas desde o início de março.
Ainda nesta terça, o presidente francês Emmanuel Macron conversou por telefone por mais de uma hora com o ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a situação na usina. Em meio às hostilidades, um primeiro navio fretado pelas Nações Unidas conseguiu zarpar nesta manhã do sul da Ucrânia carregado de grãos para a África, graças a um acordo alcançado em julho entre Moscou e Kiev com a mediação da Turquia.
Este acordo, apoiado pela ONU, inclui a suspensão do bloqueio russo aos portos ucranianos no Mar Negro e o estabelecimento de corredores seguros através das minas marítimas instaladas por Kiev. O navio Brave Commander deixou o porto de Pivdenny com 23 mil toneladas de grãos para Djibouti, de onde a carga será distribuída para a Etiópia, informou o Ministério de Infraestrutura da Ucrânia. Desde a assinatura do acordo, 15 navios conseguiram deixar a Ucrânia com cereais, mas este é o primeiro navio humanitário da ONU a zarpar do país.
O ministério ucraniano espera que "dois ou três" navios adicionais fretados pelo Programa Mundial de Alimentos saiam em breve. Além de perturbar o mercado mundial de grãos e aumentar o risco de fome em muitos países, a invasão da Rússia causou um choque econômico, político e cultural entre Moscou e a maioria das capitais europeias.
Nesse contexto, a primeira-ministra da Estônia, que também esteve sob controle da URSS, anunciou que seu governo decidiu retirar do país os monumentos da era soviética. "Como símbolos da repressão e ocupação soviética, eles se tornaram uma fonte de crescentes tensões sociais", escreveu Kaja Kallas no Twitter, após decisões semelhantes na Polônia e na própria Ucrânia.
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