Ela pode ser condenada a até 23 anos de prisãoReprodução/ Diario Extra

Um juiz peruano determinou, neste domingo, 27, a prisão preventiva por 30 meses da cunhada do presidente Pedro Castillo, Yenifer Paredes. Ela é acusada pelo Ministério Público de integrar uma suposta rede de corrupção dirigida pelo palácio do governo. Yenifer se entregou à Justiça no último dia 10.
"Ordeno a prisão preventiva para ambos os réus por 30 meses", afirmou o juiz Johnny Gómez Balboa após uma audiência de quase quatro horas. O outro réu é o prefeito José Medina. A Promotoria pediu 36 meses de prisão preventiva para cada um.
Paredes, de 26 anos, é acusada de fazer parte de uma rede de corrupção que concedia contratos de obras públicas e de lavagem de dinheiro, dirigida, segundo a Promotoria, pelo chefe de Estado, que tem imunidade. Ela pode ser condenada a até 23 anos de prisão. 
A cunhada do presidente compareceu de maneira virtual à audiência com o juiz a partir de uma delegacia de polícia de Lima, onde estava em prisão temporária desde 10 de agosto. Nos próximos dias, ela será transferida para a penitenciária feminina de Chorrillos, zona sul da capital peruana.
Medina, o outro réu, é prefeito de Anguía, localidade da região norte de Cajamarca, área de origem da família Castillo.
Segundo a Promotoria, a cunhada e o prefeito conspiraram para oferecer e atribuir contratos de obras de saneamento de maneira irregular.
Durante a audiência, dezenas de manifestantes pró governo e da oposição se reuniram do lado de fora do tribunal e gritaram palavras de ordem a favor e contra Yenifer Paredes.
Policiais evitaram confrontos entre os grupos, mas alguns manifestantes jogaram ovos.
O promotor Jorge García Juárez e o advogado de defesa de Paredes, José Dionicio Quesnay, anunciaram que vão recorrer. O primeiro para aumentar o período da prisão a 36 meses e o segundo para impedir que seu cliente vá para prisão preventiva.
A sessão de domingo deu início a uma maratona de audiências judiciais de Castillo e sua família. Na segunda-feira, 5 de setembro, o presidente deve se apresentar ao Ministério Público e sua esposa, Lilia Paredes, a um juiz.
Castillo, que é professor rural, assim como sua esposa, nega que sua família tenha cometido crimes e diz ser vítima de uma campanha para tirá-lo do poder. Yenifer Paredes considera o casal presidencial como seus "pais".
Com o objetivo de prendê-la, promotores e policiais realizaram uma operação de busca em 9 de agosto no palácio de governo, um fato inédito no país. No dia seguinte, ela se entregou à justiça.
Castillo substituiu neste sábado, 27,  três membros da cúpula da Polícia peruana, incluindo seu comandante geral, o que foi interpretado por políticos da oposição como uma retaliação pela operação, descrita como "ilegal" pelo presidente.
O presidente foi intimado pelo MP para responder pela saída abrupta, em 20 de julho, do ministro do Interior Mariano González, que permaneceu no cargo por apenas duas semanas. Ele também será questionado sobre suposto tráfico de influência na petroleira estatal PetroPerú.
Castillo, de 52 anos, já prestou depoimento em duas acusações: em 17 de junho por supostas propinas em contratos de obras públicas e em 4 de agosto por supostas promoções irregulares nas Forças Armadas.
Enquanto isso, a primeira-dama deve comparecer perante o juiz Raúl Justiniano Romero em uma audiência na qual os promotores fundamentarão um pedido para proibi-la de deixar o país por três anos. O pedido inclui dois dos seus irmãos: Walter e David Paredes. 
Em seus 13 meses no poder, Castillo viveu sob o cerco do Ministério Público e de um Congresso dominado pela direita, que exige sua renúncia.
Ele sobreviveu a duas tentativas de impeachment do Parlamento e o MP não pode levá-lo a julgamento até o final de seu mandato, em 28 de julho de 2026, pois ele tem imunidade.
O presidente enfrenta seis investigações, algo também inédito para um presidente em exercício no Peru.
No entanto, esses tipos de acusações de suposta corrupção não são novas no país andino. Situações semelhantes levaram à queda do presidente de direita Pedro Pablo Kuczynski em 2018 e do centrista Martín Vizcarra em 2020.