Agentes do FBI encontraram documentos classificados como ultrassecretos na residência de TrumpAFP
O expediente, divulgado nesta quarta-feira, 31, oferece o relato mais detalhado, até o momento, sobre a motivação para a operação conduzida pelo FBI, na propriedade de Trump em Mar-a-Lago, que foi desencadeada por uma revisão dos arquivos que o ex-presidente entregou anteriormente às autoridades e que continham informações confidenciais.
Aparentemente, os promotores tentam determinar se Trump ou algum de seus aliados cometeram algum crime ao evitar que agentes federais recuperassem documentos confidenciais em posse do ex-presidente. Antes da operação, o FBI descobriu "múltiplas fontes de evidência" de que "documentos confidenciais" permaneciam em Mar-a-Lago, afirma o documento.
"O governo também reuniu evidências de que os arquivos do governo provavelmente foram ocultados e removidos... E que provavelmente houve um esforço para obstruir a investigação do governo", acrescenta o DoJ.
O DoJ descreve especialmente quando os agentes do FBI foram pela primeira vez a Mar-a-Lago em junho para recuperar vários arquivos e um membro da equipe de Trump fez "uma declaração sob juramento" de que se tratava dos últimos que se encontravam na residência. Mas em agosto, a polícia federal encontrou cerca de 30 caixas com documentos sensíveis, de "confidenciais a ultrassecretos", que os advogados do FBI e do DoJ precisaram de "autorizações adicionais" antes de consultá-los.
As ações descritas pelo DoJ mostram um "engano deliberado" e um comportamento "extremamente irresponsável" do círculo íntimo de Trump, criticou o congressista democrata Adam Schiff, presidente de uma comissão de inteligência do Congresso.
A equipe legal do ex-presidente também rejeitou a "busca injustificada" por esses documentos. "A ideia de que os registros presidenciais continham informação sensível nunca deveria ter sido motivo de alarme", assinalou. Os advogados de Trump repetiram seu pedido de uma revisão independente de todo o material apreendido e descreveram a operação como "sem precedentes, desnecessária e sem respaldo legal".
Trump, que flerta com a ideia de concorrer novamente à Casa Branca em 2024, passou meses denunciando uma "caça às bruxas" contra ele pelo governo de seu sucessor, o democrata Joe Biden, e acredita que a justiça "nunca deveria permitir uma busca" em sua mansão na Flórida.
O Departamento de Justiça afirma que já explicou o processo que permitiu a apreensão, para "corrigir a narrativa incompleta e inexata apresentada" por Trump. A declaração do departamento responde ao pedido feito na semana passada pela ex-presidente para que um especialista independente examinasse os documentos apreendidos em seu domicílio pelo FBI.
Porém, segundo o DoJ, nomear um terceiro poderia bloquear o acesso dos investigadores aos documentos, e a Justiça não deve fazê-lo "porque estes documentos (apreendidos) não pertencem" a Trump. Essa instância "não é necessária e danificaria gravemente os interesses do Estado, inclusive em termos de segurança nacional", sustentou.
A investigação e apreensão em Mar-a-Lago foi motivada pela entrega, em janeiro, à Administração Nacional de Arquivos, responsável por armazenar documentos das atividades presidenciais, de 15 caixas de documentos que Trump levou consigo ao deixar o Salão Oval.
Alguns documentos incluíam a sigla "HCS", designada pelos serviços de inteligência para classificar informações de "fontes humanas", informantes e outros agentes. A análise destas caixas convenceu o FBI que mais materiais deste tipo estariam em poder do ex-presidente. Os investigadores suspeitam que Trump violou uma lei americana sobre espionagem que regula estritamente a posse de documentos confidenciais.
O magnata também é alvo de investigações por suas tentativas de anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e seu papel na invasão de seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Atualmente não está sendo processado em nenhum caso.
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