Complexo de energia está sob o domínio de tropas russas de o início de marçoAFP
Missão da ONU mantém inspeção na usina nuclear de Zaporizhzhia
'Integridade física da usina foi violada em várias ocasiões', diz diretor-geral da AIEA
Uma missão da ONU averigua nesta sexta-feira, 2, as condições de segurança da usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, sob controle russo desde o mês de março. As inspeções acontecem pelo segundo dia no local, devido às instalações terem sido "violadas" por conta da guerra.
Paralelamente, o governo ucraniano anunciou que atacou uma base russa em Enerhodar, cidade onde se encontra a central nuclear.
"Nas localidades de Kherson e Enerhodar, ataques precisos de nossas tropas destruíram três sistemas de artilharia inimigos, bem como um depósito de munição", informou o exército ucraniano em seu relatório noturno.
Na usina, a delegação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deu continuidade a sua missão, iniciada na véspera em meio, justamente, a temores de bombardeios na região.
"É evidente que [...] a integridade física da usina foi violada em várias ocasiões", disse na quinta-feira o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que participou do primeiro dia de inspeções.
"Faltam elementos de avaliação", mas "isso não pode acontecer novamente", acrescentou.
Vários membros da missão, inicialmente composta por 14 especialistas, permanecerão "até domingo ou segunda-feira para continuar a avaliação", disse Grossi, que espera estabelecer uma missão permanente na usina da agência da ONU.
O delegado russo na AIEA, Mikhail Ulyanov, indicou que seis inspetores permanecem no local e que dois vão continuar de forma "permanente".
"Celebramos a presença internacional que pode dissipar rumores sobre o estado da usina nuclear", disse ele.
A Ucrânia acusa a Rússia de usar a usina como depósito de munição e de ter enviado centenas de soldados para lá.
Também denuncia supostas intenções russas de desviar a eletricidade gerada pela usina nuclear para a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
A missão chegou ao local do território ucraniano, conforme solicitado por Kiev e ouviu bombardeios.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou que a Rússia considera, "no geral, muito positivo que a delegação tenha chegado e começado a trabalhar apesar das dificuldades e problemas".
Na frente de combate, as tropas ucranianas continuam sua contraofensiva lançada esta semana na área de Kherson (sul), a única grande cidade conquistada pelos russos em seis meses de guerra.
A presidência ucraniana indicou que "grandes combates" ocorrem em duas áreas próximas à cidade.
Na região de Donetsk (leste), quatro pessoas foram mortas e dez ficaram feridas em vários bombardeios e outra pessoa foi morta em uma cidade perto de Kharkiv (nordeste).
No plano econômico, as potências ocidentais do G7 anunciaram nesta sexta que aplicarão de forma "urgente" um teto ao preço do petróleo russo, numa nova escalada das sanções aplicadas contra Moscou desde a invasão da Ucrânia no final de fevereiro.
Uma medida que, segundo a Rússia, pode funcionar como um bumerangue, desestabilizando os mercados.