Com a morte dos irmãos Sanderson, as autoridades do Canadá admitem dificuldade para revelar a motivação dos crimesAFP
Segundo suspeito de ataques a faca no Canadá morre poucas horas após prisão
Myles Sanderson e o irmão deixaram dez mortos e 18 feridos no massacre na comunidade Cree e na cidade de Weldon
Rosthern - Myles Sanderson, segundo suspeito da série de ataques a faca que aterrorizou o Canadá nos últimos dias, teve a morte confirmada poucas horas a prisão na quarta-feira, 7. Dois dias antes, seu irmão e também suspeito de bárbaro crime que deixou dez mortos e 18 feridos, foi encontrado morto pelas autoridades.
"Pouco depois de sua detenção, Myles Sanderson teve um ataque de pânico... Ele foi declarado morto no hospital", afirmou a vice-comissária da Real Polícia Montada do Canadá, Ronda Blackmore, sem revelar mais detalhes.
Uma hora antes da detenção, a polícia emitiu um alerta para um homem armado com uma faca a bordo de um carro Chevy Avalanche roubado. Blackmore disse que a polícia, depois de receber uma ligação de emergência por roubo, localizou o veículo na beira de uma estrada.
No fim da tarde de quarta-feira, a polícia havia anunciado a detenção de Myles nas redes sociais: "Myles Sanderson foi localizado e detido". A força de segurança agradeceu os cidadãos que forneceram "informações relevantes" que levaram à captura.
"Agora que Myles está morto, talvez nunca possamos entender seus motivos", lamentou Blackmore, antes de acrescentar que mais de 120 entrevistas foram realizadas com parentes ou testemunhas sem obter nenhuma pista sobre a motivação.
Acredita-se que Myles Sanderson e seu irmão, Damien, tenham sido responsáveis pelo massacre que se estendeu pela vasta região das pradarias do Canadá.
Na segunda, apareceu o corpo de Damien, de 31 anos, em um campo da comunidade Cree. As autoridades disseram que provavelmente foi morto por seu irmão, Myles, de 32 anos, que estava foragido até ser detido perto da localidade de Rosthern, em Saskatchewan,
Myles Sanderson também era procurado por violar a liberdade condicional em maio, depois de cumprir parte de uma sentença por agressão e roubo. Os ataques a facadas ocorridos no domingo na comunidade indígena James Smith Cree Nation e na localidade de Weldon, na província de Saskatchewan, deixaram dez mortos e 18 feridos.
Três dias depois da tragédia, os familiares das vítimas lamentavam os esfaqueamentos ocorridos no domingo na comunidade Cree e na cidade de Weldon, cuja motivação ainda é desconhecida. Várias vigílias foram marcadas para a noite desta quarta-feira.
Mark Arcand disse que os crimes que tiraram a vida de sua irmã Bonnie Burns, de 48 anos, e seu filho Gregory Burns, de 28, foram um "ato horrível e sem sentido".
"Estamos devastados", declarou ele em coletiva de imprensa. "Ainda parece um pesadelo. Não parece real. Como isso aconteceu com nossa família? Por que aconteceu? Não temos respostas", declarou.
Arcland contou como sua irmã correu para fora de casa para ajudar seu filho, que estava sangrando na entrada depois de receber várias facadas. "Ela foi esfaqueada duas vezes e morreu ao lado dele", disse. "Estava tentando proteger seu filho."
Uma vizinha correu para tentar deter os agressores, mas também foi morta a facadas, acrescentou. O serviço forense de Saskatchewan divulgou os nomes dos mortos, seis homens e quatro mulheres com idades entre 23 e 78 anos. Todos, exceto um, eram membros da comunidade Cree. O outro era um viúvo que morava com seu neto em Weldon.
Os feridos são 17 adultos e um adolescente, informou a polícia federal canadense. Vários dos mortos já haviam sido identificados por familiares e amigos nas redes sociais. Eles incluíam um veterano de guerra, um especialista em dependência química e uma mãe de dois filhos que trabalhava como segurança em um cassino local.
Michael Brett Burns disse no Facebook que havia perdido muitos familiares no massacre, contando que havia "corpos por toda parte", "alguns mortos e muitos outros com ferimentos graves e sangrando".
"Era uma zona de guerra. Os olhares não conseguiam expressar a dor e o sofrimento daqueles que foram atacados", disse ele.
Dillon Burns contou em outra postagem que sua mãe, Gloria, morreu "protegendo um jovem, enquanto era atacado", e acrescentou que "ela teria feito o mesmo por qualquer um de nós (inclusive) pelo homem que lhe tirou a vida".
Gloria foi encontrada "deitada na entrada de casa" com outras duas pessoas, contou seu irmão, Ivor Burns, às emissoras locais. "Foram massacradas", destacou.
As autoridades acreditam que algumas das vítimas já eram alvos dos suspeitos e outras foram atacadas de forma aleatória.
Dez pessoas permanecem hospitalizadas após a tragédia, incluindo três em estado crítico, segundo as autoridades de saúde de Saskatchewan. Outras sete receberam alta.