Akesson comanda o partido Democratas da SuéciaInternet/Reprodução

Ainda sem um resultado claro após a votação realizada no domingo, 11, autoridades eleitorais da Suécia afirmaram que os números finais do pleito só serão divulgados na quarta-feira, 14, após 100% dos votos serem apurados, em razão das estreitas margens que não permitem apontar um vencedor. Embora as informações iniciais não sejam decisivas, o balanço aponta um primeiro grande vencedor: o partido de extrema direita Democratas da Suécia (SD), por anos considerado um pária na política nacional, até o momento o segundo mais votado do país.
Jimmie Akesson, atrás apenas do Partido Operário Social-Democrata da primeira-ministra Magdalena Andersson, que conquistou 30,5% dos votos. Em terceiro lugar, está o Partido Moderado, do líder conservador Ulf Kristersson, com 19%.
"Diz muito sobre quanto chegamos longe, do pequeno partido do qual todos riam... Nós somos agora o segundo maior partido da Suécia e parece que vai continuar desse jeito", disse o líder do SD, Jimmie Akesson, após a divulgação da parcial. "Sabemos que se vai haver alguma mudança no poder, nós teremos um papel central nisso. Nossa ambição é estar no governo", completou.
O SD surgiu na década 1980, com parte de seus fundadores ligados a movimentos fascistas e neonazistas. A legenda só conquistou representação no Parlamento sueco em 2010, após conquistar apenas 5,7% dos votos — e desde então não parou de crescer, superando 40% em alguns municípios, em particular no sul do país
As transformações mais nítidas aconteceram sob a liderança de Akesson, de 43 anos. Para mudar a imagem, o partido abandonou o antigo logotipo de tocha para uma flor, e expulsou alguns de seus integrantes mais radicais. Paralelamente, a legenda se aproximou do eleitorado mais conservador ao levantar bandeiras ligadas principalmente à segurança pública — com promessas de repressão mais dura ao crime — e anti-imigração.
Incerteza sobre o governo
A votação expressiva nas urnas garante ao SD um papel central na política sueca pelos próximos anos, mas não necessariamente uma participação no governo.
De acordo com líderes partidários e analistas, uma série de negociações e opções de coalizão vão começar a acontecer e ser analisadas até que algum grupo político conquiste a maioria absoluta no Parlamento, formado por 349 cadeiras.
Uma das formações mais especuladas no cenário político sueco é a união de partidos de direita e extrema direita, que seria composta por SD, Partido Moderado, democrata-cristãos e liberais A união proposta, contudo, teria que superar sérias divergências internas para governar.
"Um governo de direita terá que enfrentar tensões internas muito fortes", disse Ulf Bjereld, professor de Ciências Políticas da Universidade de Gotemburgo. "O SD tem suas raízes no neonazismo. Do outro lado, os liberais representam o completo oposto".
Na manhã desta segunda-feira, Richard Jomshof, secretário do Partido Democrata Sueco, disse estar claro que a legenda deveria discutir cargos ministeriais. Ao mesmo tempo, em uma rádio sueca, um membro sênior dos liberais de centro-direita disse que seu partido não pode permitir que o SD faça parte de um governo com eles.
União inédita desde a 2ª. Guerra
Se as divergências entre os campos da direita não forem superadas, um caminho alternativo apontado por especialistas é a reunião em um mesmo governo entre a centro-direita, liderada durante a campanha por pelo Partido Moderado, e os social-democratas, partido mais votado nas eleições e que não devem conseguir maioria se insistirem em governar apenas com seus tradicionais aliados à esquerda. De acordo com o sociólogo Zeth Isaksson, da Universidade de Estocolmo, essa união não acontece desde a 2ª. Guerra.
Mesmo que a aliança entre centro-esquerda e centro-direita se confirme, Isaksson aponta que o SD ainda terá uma "alavancagem muito forte" para pressionar por algumas de suas questões, como o endurecimento das leis de imigração.