Jean-Luc Godard esteve entre os criadores do movimento de vanguarda 'Nouvelle Vague'Miguel Medina/AFP

O cineasta francês Jean-Luc Godard, um dos pais da Nouvelle Vague, movimento artístico do cinema francês dos anos 1960, morreu nesta terça-feira, 13. Jean estava com 91 anos e a morte aconteceu de "maneira tranquila", em sua residência na pequena cidade de Rolle na Suíça, anunciou a família em um comunicado.
"O cineasta Jean-Luc Godard faleceu em 13 de setembro de 2022, anunciam sua esposa Anne-Marie Miéville e seus produtores. Não haverá nenhuma cerimônia. Jean-Luc Godard faleceu de maneira tranquila em sua residência, ao lado de seus entes queridos. Será cremado", afirma o texto. A nota foi divulgada pelo conselheiro jurídico e fiscal da família, Patrick Jeanneret.
Jeanneret explicou que o anúncio deveria ser feito dentro de dois dias, mas que o comunicado precisou ser redigido às pressas após o vazamento para imprensa da informação sobre a morte de Godard. Ele morreu em casa, ao lado da esposa, disse o conselheiro.
"A cremação acontecerá em até dois dias, talvez na quarta-feira", acrescentou, antes de informar que as "cinzas permanecerão com sua esposa".
História no cinema
Conhecido por uma filmografia radical e politicamente ativa, Godard esteve entre os diretores mais aclamados de sua geração, com filmes clássicos como Acossado (À bout de souffle), que o lançou para o cenário mundial em 1960. O filme seguiu a história de uma jovem americana em Paris, interpretada pela atriz Jean Seberg, e seu caso com um jovem rebelde em fuga, interpretado por Jean-Paul Belmondo. Gordard ganhou o Urso de Prata de Melhor Diretor, no Festival de Berlim pelo longa.
"Acossado", que marcou sua estreia cinematográfica, revolucionou o cinema popular e logo colocou Godard como um diretores mais vitais e provocadores do mundo. Afinal, ele reescreveu regras para câmera, som e narrativa.
Em 1963, lançou "Le Mépris" ("O desprezo", como foi traduzido). A trama foi analisada no livro "Everything is cinema: The working life of Jean-Luc Godard", de Richard Brody, como reflexo da história dos problemas entre o cineasta e Anna Karina, sua esposa na época. O filme "Vivre sa vie" (1962), também foi um sucesso, sendo até mesmo interpretado por Anna Karina, que fazia o papel de Nana, uma mulher que abandona o marido e os filhos para tentar carreira como atriz.
Godard soube também ser controverso. Seu longa "Je Vous Salue, Marie" (1985) foi rejeitado pelo Papa João Paulo II — o filme chegou a ser proibido no Brasil durante o governo Sarney. Ele fez uma série de obras com carga política e experimental, que intrigavam seus fãs e críticos. Entre eles, estão "La Chinoise" (1967), um dos filmes que retrata a fase política mais radical de Gordard, e 'Week-end à francesa' (1967), no qual um casal presencia diversas violências geradas pelas enormes diferenças sociais e outras distorções do modo de vida consumista, enquanto fazem uma viagem de fim de semana até o interior da França.
Premiações
Em 1987 e 1988 recebeu dois Césares honorários pelo conjunto de sua carreira. Em 2010, foi agraciado com um Oscar honorário. O Festival de Cannes também concedeu a Palma de Ouro especial em 2018.
Antes disso, Gordard recebeu a premiação do Urso de Ouro no Festival de Berlim por "Alphaville" (1965) e um Urso de Prata especial com"Charlotte et son Jules" (1960).
O cineasta também ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por "Prenome Carmen" (1983). E recebeu duas vezes o Prêmio do Júri do Festival de Veneza, por "Vivre sa vie" (1962) e "La chinoise, ou plutot a la chinoise" (1967).
Em 1982, ele ganhou um Leão de Ouro Honorário, em homenagem à sua carreira. Em 1995, recebeu o Leopardo de Honra, no Festival de Locarno.
Jean-Luc Godard recebeu duas indicações ao César, considerado o Oscar do cinema europeu, na categoria de Melhor Filme, por "Sauve qui peut " (1979) e "Passion" (1982), e duas nomeações ao César, na categoria de Melhor Realizador, por "Sauve qui peut " (1979) e "Passion" (1982).
 *Com informações da AFP e Estadão Conteúdo