Joe BidenAFP

O presidente americano Joe Biden recebe nesta sexta-feira (16) seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, em uma nova aproximação dos Estados Unidos, depois da cautela de Johannesburgo em condenar a Rússia por sua invasão à Ucrânia.
O presidente americano prevê tratar "vários temas, entre eles, a crise climática, como o desenvolvimento do comércio e do investimento... e outros desafios globais urgentes", disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, na quinta-feira.
Ramaphosa chega a Washington um mês depois que o diplomata americano Antony Blinken viajou para a África do Sul, onde prometeu que os Estados Unidos fariam mais para ouvir os africanos.
Washington redobrou seus esforços nos últimos meses para fortalecer os laços com a África, onde está preocupado com a crescente influência da Rússia e da China.
Biden, que não esteve na África até agora, está organizando uma grande cúpula em Washington em dezembro com líderes do continente.
"O cenário atual tem suas razões e eu acho que nunca devemos tentar fingir que a história não existiu", disse a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, nesta semana, convidada pelo think tank CFR em Washington.
A África do Sul não esquece o apoio da União Soviética à resistência contra o regime do apartheid, em comparação com os períodos de cooperação ocidental com o antigo regime supremacista branco.
"O que eu não gosto é que me digam o que fazer. Não vou me deixar ser pressionada", alertou Pandor durante a visita de Blinken, questionada sobre a posição da África do Sul contra a Rússia.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, a África do Sul assumiu uma posição neutra e não se uniu aos apelos para condenar Moscou.
Um alto funcionário da Casa Branca disse na quinta-feira que espera "ouvir as opiniões da África do Sul sobre como trazer uma solução justa para o conflito" na Ucrânia.
Outra questão sensível: a China, com a qual a África do Sul mantém relações muito boas.
Os dois presidentes também vão discutir a ajuda prometida pelos países ocidentais para a transição energética da África do Sul, disse o alto funcionário dos EUA, que pediu para não ser identificado.
A África do Sul, onde o carvão desempenha um papel muito importante, recebeu a promessa de 8,5 bilhões de dólares de vários países desenvolvidos para abandonar este combustível. Mas o país teme que essa promessa de financiamento aumente sua dívida.
Apesar das diferenças, autoridades sul-africanas disseram ser muito mais simpáticas a Biden do que a seu antecessor republicano Donald Trump, que durante seu mandato falou da África em termos particularmente ofensivos.
"Ninguém se desculpou por isso até hoje", lembrou a ministra das Relações Exteriores da África do Sul.