Temporal provocou um apagão geral na ilha desde um pouco depois das 13h (14h de Brasília)Departamento de Bombeiros de Porto Rico/AFP

O furacão Fiona chegou ao solo do sul de Porto Rico neste domingo, 18, dois dias antes do quinto aniversário da passagem do furacão Maria, que devastou a ilha. De acordo com informações do Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos, ele tocou o solo às 15h20 locais (16h20 de Brasília), perto de Punta Tocón (sudoeste), e mergulhou todo o território americano na escuridão.
Fiona avança com ventos de até 140 km/h. No momento, tem categoria 1, a menor na escala Saffir-Simpson (que vai até 5), mas espera-se que vá "ganhar mais força nas próximas 48 horas", acrescentou o NHC.
O temporal provocou um apagão geral na ilha desde um pouco depois das 13h (14h de Brasília), informou a Autoridade de Energia Elétrica de Porto Rico, a corporação pública encarregada da geração de eletricidade. A entidade já conseguiu reiniciar vários geradores, um primeiro passo para o restabelecimento da rede elétrica, informou o diretor, Josué Colón, em entrevista à TV.
De acordo com os protocolos estabelecidos, assim que conseguir reativar a rede, a autoridade tentará restabelecer primeiro o serviço em hospitais e outros prédios governamentais que oferecem serviços essenciais.
Para dar suporte à Porto Rico, o presidente americano, Joe Biden, aprovou neste domingo, 18, a declaração do estado de emergência no território, uma medida que permite a liberação de fundos federais para os trabalhos de ajuda no local. A ex-colônia espanhola se tornou americana no fim do século XIX, antes de obter o status de estado livre associado em 1950.
Alagamentos
Os rios Grande de Loiza e Cagüitas, no norte e no centro da ilha, transbordaram em algumas áreas, informou pelo Twitter o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS). "As comunidades nas margens destes rios deveriam avaliar se deslocar para um local mais alto de imediato", acrescentou.
Segundo a imprensa local, outros rios transbordaram no sudeste da ilha, inundando rodovias e áreas urbanas. Na montanha e na região sudoeste, várias famílias perderam o teto de suas casas pelas rajadas de ventos e tiveram que se abrigar em refúgios habilitados pelo governo. Pela manhã, o governador de Porto Rico, Pedro Pierluisi, instou a população a buscar abrigo.
"Pedimos ao nosso povo que se mantenha em suas casas e que busque refúgio se precisar. Continuamos sob alerta de furacão", declarou em coletiva de imprensa. "Por seu tamanho, esta tempestade estará impactando todo Porto Rico", acrescentou. A autoridade suspendeu as aulas nas escolas nesta segunda-feira, 19, devido às previsões de continuidade das chuvas. O trabalho dos funcionários públicos também foi cancelado, exceto aqueles que ocupam cargos críticos ou que fornecem serviços essenciais durante a emergência.
O que está por vir
As autoridades antecipam chuvas de 508 a 635 mm nas áreas isoladas de Porto Rico, uma quantidade bastante inferior à registrada durante a passagem do furacão Maria, que varreu o território caribenho há quase cinco anos. "Podemos esperar que haja estragos, mas não no nível de Maria", disse Ernesto Morales, do NWS, na mesma coletiva do governador.
Depois da passagem de Maria, Porto Rico ficou incomunicável e grandes áreas permaneceram sem eletricidade por vários meses. Quase 3.000 pessoas morreram por causa do desastre, segundo o balanço oficial.
Fiona já causou graves danos em sua passagem por Guadalupe na noite de sexta-feira, 16. Em alguns locais, a água subiu mais de 1,50 metro neste território francês. Um homem morreu no local, arrastado com sua casa pela cheia de um rio.
De acordo com especialistas, o fenômeno é explicado pelo aquecimento da superfície dos oceanos, que aumenta a frequência dos furacões mais violentos, com ventos mais fortes e chuvas mais intensas.