Britânicos aproveitam as últimas horas para prestar seus respeitos à única rainha que conheceramOdd Andersen/AFP
Reino Unido faz um minuto de silêncio em homenagem à rainha Elizabeth
Primeira-ministra Liz Truss esteve presente no ato, que aconteceu às 16 horas do horário de Brasília
O Reino Unido se calou neste domingo, 18, e fez um minuto de silêncio pela morte de Elizabeth II, às 20 horas locais (16h de Brasília), um dia antes do funeral da monarca, com a presença de dezenas de líderes mundiais, como os presidentes brasileiro, Jair Bolsonaro, e americano, Joe Biden, que foram recebidos pelo sucessor da soberana, o rei Charles III no Palácio de Buckinham.
Na capela ardente instalada no Westminster Hall, o minuto de silêncio se traduziu em uma paralisação da fila de pessoas que começaram a se despedir no palácio desde quarta-feira, 14, e desfilam diante do caixão da soberana para lhe dar seu último adeus. A primeira-ministra Liz Truss também esteve presente na homenagem, que silenciou o Reino Unido.
Os britânicos aproveitam as últimas horas para prestar seus respeitos à única rainha que conheceram até sua morte, aos 96 anos, no dia 8 deste mês, após passar sete décadas no trono. A capela ardente fechará suas portas às 06h30 locais (02h30 de Brasília) desta segunda-feira, 19.
"Decidi me juntar, no último minuto, à fila e aqui estamos. Vou poder vê-la, então estou muito emocionado", disse Chris Young à AFP, um bombeiro de 50 anos, que calcula ter ficado "talvez sete horas" esperando para se despedir de "uma dama realmente especial".
A transcendência da monarca que mais tempo reinou o país se evidencia na lista de presentes no serviço fúnebre, como não se via em Londres desde a morte, em 1965, de Winston Churchill, que liderou o país durante a Segunda Guerra Mundial.
Sua nora, a rainha consorte Camilla, destacou um pouco antes do minuto de silêncio que Elizabeth II foi "uma mulher só" em um mundo de homens. "Não havia mulheres primeiras-ministras, nem presidentes. Ela era a única, então penso que forjou seu próprio papel", afirmou a esposa do rei.
Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden; da França, Emmanuel Macron; do Brasil, Jair Bolsonaro, assim como os monarcas da Espanha, Suécia, Noruega, Luxemburgo, Mônaco, Bélgica e Holanda, além do imperador japonês Naruhito, acompanharão o funeral de Estado na Abadia de Westminster.
Bolsonaro aproveitou a visita a Londres e improvisou um comício eleitoral na residência do embaixador brasileiro, com um discurso contra "a liberalização das drogas, contra a legalização do aborto e contra a ideologia de gênero".
Ele também passou pela capela funerária da rainha, assim como Biden e sua esposa Jill, além do rei da Espanha, Felipe VI, sem o seu pai, Juan Carlos I, de quem está distante devido a um escândalo sobre sua fortuna que abalou a coroa espanhola. Pai e filho se encontraram a caminho da recepção no Palácio de Buckingham.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, assinou o livro de condolências e visitou a capela junto a primeira-dama, Michelle. "No Brasil, temos forte em nossa lembrança ainda sua passagem por lá, em 1968. Por tudo que ela representou para o seu país e para o mundo", tuitou Bolsonaro, após deixar assinatura no livro na Lancaster House.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, também deixou sua assinatura e aproveito o momento para elogiar a monarca. "Já expliquei que minha mãe e meu pai pensavam que todos (...) mereciam ser tratados com dignidade e foi exatamente isso que ela transmitiu", assim como "a noção de serviço", disse Biden, para quem "o mundo é melhor graças a ela".
A quantidade de líderes mundiais e o funeral de modo geral representam um desafio de segurança "maior que os Jogos Olímpicos de 2012", disse o vice-comissário da Scotland Yard, Stuart Cundy.
O funeral de segunda-feira começará com o transporte do caixão da rainha, que está no Parlamento britânico, para a Abadia de Westminster. Às 11H00 (7H00 de Brasília) começará a cerimônia fúnebre, oficiada pelo deão de Westminster, David Hoyle, e com um sermão de Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, da qual o monarca da Inglaterra é o chefe desde o rompimento de Henrique VIII com Roma no século XVI.
Após a cerimônia, o caixão de Elizabeth II será levado em uma montaria, com a participação de militares, pelas ruas de Londres até o Wellington Arch, em Hyde Park Corner, em um cortejo que deve ser observado por um milhão de pessoas. A partir deste ponto será levado de carro até o Castelo de Windsor, a 30 quilômetros de distância, onde acontecerão uma nova cerimônia fúnebre, apenas para a família, e o enterro.
Espera-se que centenas de milhares de pessoas se reúnam ao longo do trajeto e milhões devem assistir ao funeral em pubs, telões instalados em parques e até cinemas exibirão o rito. Desde sábado, 48 horas antes do cortejo fúnebre, muitas pessoas já estavam posicionadas em diferentes pontos do trajeto.
Este é o caso de Fiona Ogilvie, 54 anos, que serviu na RAF (Força Aérea Real) e aguardava perto da Abadia. "Quando você entra para a RAF promete lealdade à rainha e é algo que fica com você", explicou à AFP, antes de elogiar Elizabeth II como "alguém que nunca fugiu a seu dever".
Carol Chadwick, enfermeira de 64 anos, e o marido Tim estão na Praça do Parlamento com suas cadeiras de camping e abastecidos com sanduíches. "Estamos aqui para prestar nossa homenagem, mas especialmente porque é um momento histórico que não vai se repetir".