'A cidade acabou. Acabou Las Tejerías', lamentou a moradora Carmen Meléndez, de 55 anos Yuri Cortez/AFP
Deslizamento deixa 25 mortos e mais de 50 desaparecidos na Venezuela
Enchente em Las Tejerías é a mais grave em 30 anos; cidade fica a cerca de 50 km da capital Caracas
Venezuela - Pelo menos 25 pessoas morreram e 52 estão desaparecidas após um deslizamento de terra em Las Tejerías, Venezuela, neste domingo, 9. As informações foram divulgadas pelo governo. A cidade industrial fica no centro do país e a cerca de 50 km da capital Caracas.
"Infelizmente até agora temos 25 pessoas que foram encontradas mortas", disse o ministro do Interior, Remigio Ceballos, à televisão estatal. "Também temos um número de 52 pessoas desaparecidas". O responsável pela pasta acrescentou que o governo mantém "os esforços de busca".
A tragédia deste domingo aconteceu após três horas de chuvas intensas que começaram na tarde de sábado, 8, fazendo com que vários rios transbordassem e carregassem sedimentos, pedras e árvores do alto da montanha. A equipe da Agência France Presse foi até o local e constatou a destruição de casas e estabelecimentos comerciais.
Árvores gigantescas foram varridas pela pior enchente que a região viveu em 30 anos, cortando a estrada principal desta cidade cercada por montanhas. Carros e fragmentos de casas também foram arrastados pela corrente, que subiu até seis metros nas estruturas mais próximas ao leito do rio, muitas das quais perderam paredes.
Um açougue que fechou por causa da pandemia e estava programado para reabrir nesta segunda-feira, 10, foi coberto por sedimentos que danificaram equipamentos de refrigeração e tudo o que havia dentro. "Estávamos esperando a entrega da carne para começar depois de dois anos fechado", disse Ramón Arvelo, um dos funcionários que ajudou a remover a lama.
Cerca de 1.000 funcionários participam dos trabalhos de resgate, disse à AFP o almirante Remigio Ceballos Ichaso, ministro do Interior e da Justiça, que foi ao local para constatar os danos. "Nunca pensei que algo dessa magnitude pudesse acontecer, é algo forte", lamentou Loryis Verenzuela, de 50 anos, enquanto contemplava a devastação em meio às lágrimas e se aproximava para oferecer ajuda.
"A cidade acabou. Acabou Las Tejerías", lamentou Carmen Meléndez, de 55 anos. A moradora estava esperando notícias de Margot Silva, uma parente que foi dada como desaparecida. Margot mora em uma cidade vizinha e foi a Las Tejerías para comprar mantimentos. "A primeira vez que vemos algo assim, sabemos que vamos superar, mas lamentamos as perdas humanas", disse Meléndez.
Tripulações de trabalhadores com máquinas limparam estradas cobertas de detritos e lodo da enchente. Percorrendo a área do desastre, Ceballos afirmou que "houve um recorde de chuvas". O volume médio de água que cai em um mês caiu em um dia, disse ele.
"Estas fortes chuvas saturaram a terra, temos perdas lamentáveis", acrescentou o ministro. O presidente Nicolás Maduro decretou três dias de luto nacional pelas vítimas. Antes do deslizamento trágico em Las Tejerías, as fortes chuvas que atingiram o país nas últimas semanas causaram 13 mortes.