Bombardeio atingiu prédios residenciais em ZaporizhzhiaMaryna Moiseyenko/AFP
Rússia bombardeia Zaporizhzhia após explosão de ponte da Crimeia
Mais de 10 civis ucranianos morreram com o ataque
Bombardeios russos atingiram a cidade ucraniana de Zaporizhzhia durante a madrugada deste domingo (9), deixando muitos civis mortos. Os números ainda não foram divulgados. O ataque acontece no dia seguinte à destruição parcial por uma explosão da ponte da Crimeia. A explosão que atingiu a ponte que liga a península ucraniana anexada à Rússia, é outro grande revés para Moscou, após várias derrotas no front ucraniano.
O exército ucraniano e os serviços especiais (SBU) de Kiev não confirmaram nem negaram seu envolvimento na ação. O presidente Volodymyr Zelensky apenas ironizou em um vídeo sobre o clima "nublado" no sábado, 8, na Crimeia - uma provável alusão à fumaça da explosão.
O presidente russo não reagiu publicamente. Mas durante a noite, ataques russos a prédios residenciais em Zaporizhzhia mataram entre 12 e 17 pessoas, três dias após outros ataques que fizeram 17 vítimas nesta cidade no sul da Ucrânia.
O último balanço fornecido pela administração regional de Zaporizhzhia indicava 13 mortos e 60 feridos, incluindo mulheres e crianças. Já uma primeira avaliação da prefeitura apontou inicialmente para 17 mortos. Zelensky, por sua vez, falou de 12 mortos e de 49 pessoas, incluindo seis crianças, levadas ao hospital.
"Sem sentido. Mal absoluto. Terroristas e selvagens. De quem deu esta ordem até quem a executou. Todos têm uma responsabilidade. Perante a lei e perante o povo", escreveu o presidente ucraniano em sua conta no Telegram. O ataque russo "destruiu apartamentos onde pessoas viviam, dormiam sem atacar ninguém", acrescentou Zelensky.
Após a enorme explosão, mergulhadores examinaram a estrutura neste domingo para avaliar os danos estruturais. O tráfego de automóveis e ferroviário foi parcialmente retomado no sábado, 8. Um comboio de vagões com combustível também pegou fogo na ponte. O ministério russo dos Transportes declarou neste domingo que os trens de passageiros da Crimeia para a Rússia estavam "funcionando de acordo com o plano normal".
As autoridades russas atribuíram a explosão, que matou três pessoas, a um caminhão-bomba de propriedade de um morador da região russa de Krasnodar. Moscou não culpou imediatamente a Ucrânia e as autoridades ucranianas não assumiram formalmente a responsabilidade.
Kiev, porém, ameaçou várias vezes atingir esta ponte símbolo da anexação da Crimeia, que também é usada para abastecer as tropas russas na Ucrânia.
A Força Aérea ucraniana disse que quatro mísseis de cruzeiro, dois mísseis disparados de caças e outros mísseis antiaéreos foram usados contra a cidade.
O Exército russo declarou que realizou ataques com "armas de alta precisão" contra unidades de "mercenários estrangeiros" perto de Zaporizhzhia. Lá, está localizada uma usina nuclear de mesmo nome que ocupa o centro das atenções há meses. A usina perdeu novamente sua fonte de energia externa devido aos bombardeios e depende de geradores de emergência, alertou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no sábado.
O exército russo, em dificuldades em Kherson, no sul da Ucrânia, garantiu no sábado que o abastecimento de suas tropas não estava ameaçado. A Ucrânia atingiu várias pontes na região de Kherson nos últimos meses, bem como bases militares na Crimeia, ataques pelos quais só assumiu a responsabilidade meses depois.
Desde o início de setembro, as forças russas foram forçadas a recuar em várias frentes. Em particular, tiveram que se retirar da região de Kharkiv (nordeste) e recuar em Kherson. Putin decretou no final de setembro a mobilização de centenas de milhares de reservistas e a anexação de quatro regiões ucranianas, embora Moscou as controle apenas parcialmente.
Além disso, Moscou anunciou no sábado que havia nomeado um novo homem à frente de sua "operação militar especial" na Ucrânia, o general Sergei Surovikin, e informou que Putin conduzirá na segunda-feira (10) uma reunião com seu Conselho de Segurança. "Amanhã o presidente tem prevista uma reunião com os membros permanentes do Conselho de Segurança", declarou o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov.
O conselho inclui os principais ministros, dirigentes políticos e representantes dos serviços de segurança e do exército.