Membros de 193 países chegaram a um acordo sobre a meta coletiva de neutralidade de carbono até 2050Divulgação/Icao
ONU anuncia acordo sobre neutralidade de carbono para aviação até 2050
Responsável por entre 2,5% e 3% das emissões globais de CO2, o transporte aéreo é fundamental na crise climática
Montreal - Por meio da Organização da Aviação Civil Internacional, uma agência das Nações Unidas, foi anunciado nesta sexta-feira, 7, um acordo para que o setor alcance a neutralidade de carbono até 2050. Representantes dos 193 países-membros reunidos para a assembleia sediada em Montreal chegaram a "um acordo histórico sobre uma ambiciosa meta coletiva de longo prazo de neutralidade de carbono até 2050", publicou a organização no Twitter.
Apenas quatro países, incluindo a China, expressaram reservas à meta. O papel do transporte aéreo é fundamental na crise climática. Atualmente responsável por entre 2,5% e 3% das emissões globais de CO2, o setor encontra dificuldade em mudar para a energia renovável, mesmo que a indústria da aviação e as empresas de energia estejam trabalhando duro neste intuito.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo disse que as companhias aéreas estão sendo "fortemente encorajadas" a adotar a meta climática, um ano depois que a organização endossou a mesma posição em sua própria assembleia geral.
"Esperamos iniciativas políticas muito mais sólidas em áreas-chave de descarbonização, como o incentivo à capacidade de produção sustentável de combustível de aviação", disse o diretor geral da Iata, Willie Walsh.
Segundo as companhias aéreas, criar uma aviação livre de emissões de carbono implica um investimento de US$ 1,55 trilhão, cerca de R$ 8 trilhões, entre 2021 e 2050.
"A comunidade global da aviação saúda este acordo histórico", afirmou o brasileiro Luis Felipe de Oliveira, diretor do Conselho Internacional de Aeroportos, que representa 1.950 aeroportos em 185 países.
"Este é um momento decisivo no esforço para descarbonizar o setor de aviação, já que governos e indústria estão agora se movendo na mesma direção, com uma estrutura política comum", disse ele em comunicado.
O acordo, no entanto, ficou aquém de satisfazer algumas organizações não governamentais, que lamentaram o fato de o mesmo não ter ido suficientemente longe e que não seja juridicamente vinculante.
Os aviões atraem críticas particularmente duras porque apenas cerca de 11% da população mundial voa a cada ano, de acordo com um estudo de 2018 amplamente citado. Além disso, metade das emissões das companhias aéreas vem do 1% dos principais viajantes, disse ele.
"Este não é o momento para o acordo de Paris da aviação. Não vamos fingir que uma meta não vinculativa reduzirá as emissões de carbono da aviação a zero", criticou Jo Dardenne, da ONG Transporte e Meio Ambiente.
O ativista também expressou decepção com os ajustes considerados pelos delegados ao programa de redução e compensação de carbono do setor, conhecido como Corsia. Durante a reunião de dez dias, a Rússia também buscou, mas não conseguiu, votos suficientes para ser reeleita para o conselho de governo da organização da ONU, responsável por garantir o cumprimento dos regulamentos da aviação.
Moscou foi acusada de violar as regras internacionais ao não devolver centenas de aviões que alugou, conforme exigido pelas sanções impostas após a invasão da Ucrânia em fevereiro. Esta foi a primeira Assembleia Geral da Organização da Aviação Civil Internacional desde o início da pandemia de covid-19, que levou a indústria da aviação ao limite financeiro.
Em 2021, o número de passageiros aéreos foi apenas metade dos 4,5 bilhões de 2019, um aumento de 60% em relação a 2020. O setor espera em 2022 atingir 83% de seu número de passageiros de três anos atrás e voltar a ser lucrativo em 2023.