Liz Truss eleita primeira-ministra do Reino UnidoReprodução
Até agora, seu silêncio havia sido rompido apenas por uma entrevista à rede BBC. Por isso, a sessão legislativa desta quarta é vista como um grande desafio após renunciar a quase todas as medidas de seu plano econômico.
O líder dos trabalhistas, Keir Starmer, perguntou ao Parlamento: "Para que serve uma primeira-ministra, cujas promessas não duram uma semana?". Starmer puxou o coro "fora, fora!", acompanhado por seus correligionários. "Por que continua aqui?", concluiu o líder da oposição.
A libra caiu a níveis históricos, e os juros de empréstimos a famílias e empresas ficaram mais caros. O Banco da Inglaterra precisou intervir para impedir que a situação não degenerasse em crise financeira.
Nomeado às pressas na sexta-feira, 14, Jeremy Hunt anunciou na segunda, 17, uma renúncia de quase todos os cortes de impostos apresentados por seu antecessor, dando a impressão de que agora o poder está mais em suas mãos do que nas da chefe de Governo.
Enquanto a inflação disparou em setembro, a 10,1% interanual, seu nível mais alto em 40 anos, a primeira-ministra enfrenta rumores de que pretende reajustar as aposentadorias para acompanhar as altas dos preços.
"Este governo prioriza os mais vulneráveis, ao mesmo tempo que aporta estabilidade econômica e conduz a um crescimento de longo prazo desejado por todos", garantiu Hunt nesta quarta, ao responder sobre a taxa de inflação.
Hunt advertiu, no entanto, que será necessário conter os gastos públicos. Apesar do caos na política, os mercados estavam mais tranquilos, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou o retorno à "disciplina orçamentária", em um momento em que a recessão ronda o país.
Muitos temem, porém, um retorno à austeridade, como ocorreu na crise financeira de 2008, com cortes drásticos no orçamento público e um aumento do desemprego. "Truss é capaz de contornar a situação a tempo?"
Segundo um levantamento do YouGov, apenas um de cada dez britânicos e um a cada cinco eleitores do Partido Conservador têm opinião favorável a Truss. Entre os membros do partido, 55% estimam que ela deveria renunciar, enquanto 38% preferem que continue no cargo.
A dois anos das próximas eleições parlamentares, a oposição trabalhista se sobressai frente aos conservadores nas pesquisas. Cinco deputados de seu partido já pediram publicamente que Truss deixe o cargo.
Com a falta de um sucessor claro, os conservadores têm reservas quanto a se lançarem em um novo e desgastante processo para indicar um líder. Buscam um consenso sobre uma pessoa, mas parecem longe de encontrá-la.
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