Jornalista indiana Sana Irshad Mattoo foi impedida de viajar para a EuropaReprodução/Instagram
EUA pedem liberdade de imprensa na Índia após ganhadora do Pulitzer ser impedida de viajar
Sanna Irshad Mattoo foi detida por funcionários da imigração no aeroporto de Nova Délhi na noite de terça-feira, 18
Os Estados Unidos pediram respeito à liberdade de imprensa na Índia, nesta quarta-feira (19), depois que as autoridades do país asiático impediram que uma fotógrafa da Caxemira fosse a Nova York para receber o prêmio Pulitzer.
Sanna Irshad Mattoo foi detida por funcionários da imigração no aeroporto de Nova Délhi na noite de terça-feira e foi impedida de embarcar, enquanto dois de seus colegas tiveram permissão para sair do país.
O governo americano disse que tomou conhecimento do ocorrido com Mattoo e que estava acompanhando o caso "de perto".
"Um compromisso compartilhado com os valores democráticos, incluído o respeito à independência da imprensa, é a base da relação entre os Estados Unidos e a Índia", disse aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel.
O funcionário, no entanto, se recusou a oferecer mais detalhes, inclusive se Washington havia tratado do tema com a Índia, um aliado cada vez maior dos Estados Unidos.
Os críticos dizem que o respeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa tem diminuído durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu Narendra Modi. Além disso, os jornalistas que questionam o governo, em particular as mulheres, costumam ser alvos de campanhas de assédio implacáveis na internet.
Em um discurso feito hoje em Mumbai, o secretário-geral da ONU, António Guterres, enalteceu as conquistas da Índia desde a independência em 1947, mas pediu a Nova Délhi que garanta proteção "aos direitos e liberdades de jornalistas, ativistas de direitos humanos, estudantes e acadêmicos".
A fotógrafa é um dos quatro funcionários da agência de notícias Reuters que ganharam este ano o prestigiado prêmio Pulitzer na categoria fotografia por suas imagens sobre a pandemia de covid na Índia.
A jovem de 28 anos foi elogiada por documentar a vida na Caxemira indiana, um território do Himalaia altamente militarizado e disputado com uma insurgência de décadas.
"Não sei o que dizer... esta era uma oportunidade única para mim", contou Mattoo à AFP. "Me pararam sem motivo e deixaram os outros ir. Talvez tenha a ver com o fato de eu ser da Caxemira", acrescentou.
Esta é a segunda vez este ano que a fotógrafa é impedida de deixar a Índia. Em julho, ela foi parada da mesma maneira, no mesmo aeroporto, antes de embarcar rumo a Paris para a apresentação de um livro e de uma exposição fotográfica.
A Índia busca afirmar o seu controle sobre a Caxemira, que também é reivindicada, em sua totalidade, pelo Paquistão, uma disputa de constante tensão entre dois países dotados de armas nucleares.
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