Papa faz apelo pela superação do 'equilíbrio frágil' que ameaça o mundoAFP
Francisco, primeiro pontífice a visitar o reino de maioria muçulmana do Golfo, insistiu na importância do "diálogo" e do "papel específico" da religião por ocasião de um encontro de cúpula inter-religioso em Awali.
"Brinca-se com fogo, mísseis e bombas, com armas que provocam choro e morte", acrescentou Francisco, que critica reiteradamente o uso da força e a ameaça nuclear.
Ainda nesta sexta-feira, Francisco se reuniu com o xeque Ahmed al Tayeb, líder da prestigiosa instituição do islã sunita Al Azhar, que tem sede no Cairo.
O grande imã de Al Azhar defendeu o diálogo entre xiitas e sunita aos teólogos muçulmanos de todo o mundo, "independentemente de suas seitas, comunidades e escolas de pensamento, para que se envolvam rapidamente em um diálogo islâmico sério com o objetivo de estabelecer a unidade, a reaproximação e a compreensão mútua", disse o grande imã em um discurso.
O papa também pediu que não se ceda às "razões da força", que "alimentam a violência, a guerra e o mercado de armas", bem como "o comércio da morte".
Em seguida, fez um apelo pela unidade entre os cristãos durante uma oração ecumênica na catedral de Nossa Senhora da Arábia, a maior igreja católica da península, inaugurada no final de 2021.
Entre os dois mil fiéis estava Sharma, de 45 anos, das Filipinas, que há 18 trabalha no Bahrein. "Me sinto abençoada por vê-lo pessoalmente (...) É algo que acontece uma vez na vida", disse à AFP, com lágrimas nos olhos.
Nove ONGs, no entanto, pediram na terça-feira ao papa que "exija publicamente que o Bahrein acabe com todas as execuções, suprima a pena de morte e investigue seriamente as denúncias de tortura e violações do direito a um julgamento justo".
Ao desembarcar no Bahrein na quinta-feira, o líder de 1,3 bilhão de católicos falou sobre a defesa dos direitos humanos e por condições "dignas" de trabalho.
Também insistiu na "necessidade de garantir sempre o direito à vida, inclusive para os punidos", uma referência à pena de morte, ainda em vigor no reino.
Desde sua eleição em 2013, Francisco visitou vários países de maioria muçulmana, incluindo Jordânia, Turquia, Bósnia e Herzegovina, Egito, Bangladesh, Marrocos e Iraque.
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