Zelensky em visita a cidade ucraniana anexada pela RússiaAFP
"A Rússia demonstrou ao mundo que pode matar, mas todos nós, nossas Forças Armadas, nossa Guarda Nacional e os serviços de inteligência demonstraram que é impossível matar a Ucrânia", afirmou Zelensky em um comunicado divulgado da presidência ucraniana.
Com a mão no peito, assim como outros funcionários civis e militares presentes, ele cantou o hino nacional enquanto a bandeira ucraniana era hasteada diante do edifício da administração regional, no centro de Kherson.
"É importante estar aqui (...) para que as pessoas possam sentir que não são apenas palavras e promessas, e sim que realmente voltamos e hasteamos nossa bandeira", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado nas redes sociais.
"Nossos inimigos perecerão, como o orvalho ao sol, e nós também, irmãos, governaremos em nosso país. Por nossa liberdade, daremos nossas almas e nossos corpos", gritaram.
De acordo com as fotos publicadas no Telegram, Zelensky também caminhou pelas ruas da cidade, com trajes militares, cercado por seguranças armados, mas sem capacete e colete à prova de balas. Muitas pessoas, algumas com bandeiras ucranianas, esperavam pelo presidente.
"Glória à Ucrânia!", gritaram moradores em um edifício. "Glória aos heróis!", responderam o presidente e os seguranças, como determina a tradição.
As tropas russas abandonaram Kherson na semana passada, após oito meses de ocupação, deixando o caminho livre para que os soldados ucranianos entrassem na cidade na sexta-feira.
O Kremlin, no entanto, insiste que a capital da região de mesmo nome, que teve a anexação anunciada por Moscou em setembro, ainda pertence à Rússia, apesar da saída de suas tropas.
"Não vamos fazer nenhum comentário, vocês sabem bem que é território da Federação Russa", respondeu o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov, ao ser questionado sobre a viagem de Zelensky.
Kherson foi a primeira grande cidade que caiu sob controle russo após a invasão, no fim de fevereiro. A retirada forçada das tropas de Moscou devido à contraofensiva ucraniana representa um novo revés para Vladimir Putin.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, advertiu nesta segunda-feira que os "próximos meses serão difíceis" para a Ucrânia e que o objetivo do presidente russo Vladimir Putin é "deixar a Ucrânia no frio e escuro durante o inverno".
Zelensky acusou no domingo, 13, as forças russas por "atrocidades" em Kherson e disse que até o momento foram documentados 400 "crimes de guerra", sem especificar se falava apenas desta região.
Em Kherson, vários moradores relataram à AFP os meses de ocupação russa e alguns atos de resistência para mostrar repúdio à anexação pela Rússia.
Volodymyr Timor, um jovem de 19 anos, passou meses com os amigos, analisando os movimentos dos soldados russos nas ruas da cidade e repassando as informações ao exército ucraniano.
"Informávamos tudo: onde estava o equipamento, onde armazenavam a munição, onde dormiam, para onde seguiam para beber algo", disse à AFP o jovem, que queria ser músico antes da guerra.
Na região de Luhansk, o exército ucraniano retomou a localidade de Makiivka, a 50 km da cidade estratégica de Severonetsk, controlada pela Rússia, informou a presidência ucraniana.
No total, 12 localidades da região voltaram ao controle ucraniano, segundo o governador Serguei Gaidai. O exército russo afirmou nesta segunda que tomou o controle de Pavlivka, uma cidade no leste da Ucrânia, uma vitória para Moscou após semanas de recuos e retiradas.
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