Vaticano considera que nomeação de bispo na China viola acordo assinado em 2018AFP/FILIPPO MONTEFORTE

O Vaticano expressou, neste sábado (26), sua "surpresa" e "pesar" pela nomeação de um bispo em uma diocese da China não reconhecida pela Santa Sé, considerando que viola o acordo assinado com Pequim em 2018.
Em um comunicado de imprensa, "a Santa Sé tomou conhecimento com surpresa e pesar a notícia da 'cerimônia de posse', em 24 de novembro, em Nanchang, do monsenhor Giovanni Peng Weizhao, bispo de Yujiang (província de Jiangxi), como 'bispo auxiliar de Jiangxi' , uma diocese não reconhecida".
"Este evento não ocorreu de acordo com o espírito de diálogo que existe entre as partes vaticana e chinesa e conforme estipulado no acordo provisório (de 2018) sobre a nomeação de bispos."
O Vaticano revelou no mês passado que renovou pela segunda vez o acordo que permite que Pequim e a Santa Sé tenham voz na nomeação de bispos na China.
Há décadas existem duas igrejas católicas na China: uma que responde a Pequim e uma congregação "clandestina" que permanece leal a Roma, muitas vezes às custas de enormes sacrifícios pessoais.
O acordo de 2018 permitiu a Pequim escolher bispos e fazer com que a Santa Sé aprovasse sua nomeação, mas alguns classificaram essa medida como uma "traição" aos católicos clandestinos da China.
O Vaticano considerou que o "reconhecimento civil" do novo bispo ocorreu, "segundo as informações recebidas", no contexto de "pressões prolongadas e intensas das autoridades locais", sem dar mais detalhes.
"A Santa Sé espera que episódios semelhantes não se repitam" e disse que aguarda uma comunicação sobre o assunto por parte das autoridades chinesas.
O Vaticano "reafirma sua total disponibilidade para continuar o diálogo respeitoso sobre todas as questões de interesse comum".
O acordo foi renovado apesar das tensões que surgiram após a prisão em maio do cardeal aposentado Joseph Zen, um dos cardeais católicos mais antigos da Ásia, pelas autoridades de Hong Kong.
O prelado de 90 anos é um dos seis dissidentes condenados na sexta-feira (25) por administrar um fundo multimilionário para a defesa de manifestantes antigovernamentais detidos sob a legislação de segurança nacional imposta por Pequim em 2020, um ano após o início das manifestações em massa, às vezes violentas.