Protestos eclodiram após a morte da jovem Mahsa Amini, que ficou sob custódia policial por não cumprir o rigoroso código de vestimenta do paísAFP

Países da União Europeia (UE) e o Reino incluíram, nesta segunda-feira, 23, mais de 40 funcionários e organizações do Irã em suas listas de sancionados devido à repressão aos protestos que sacodem o país. A informação foi confirmada à 'AFP' por diversas fontes.
Trata-se da quarta rodada de medidas adotadas pelo bloco contra o Irã. A decisão ocorreu durante uma reunião dos ministros europeus de Relações Exteriores em Bruxelas. A lista completa com os nomes dos sancionados ainda deverá ser publicada no Diário Oficial da UE.
Ao todo, o bloco já sancionou mais de 60 funcionários e organizações iranianas pela repressão aos protestos que eclodiram após a mortes da jovem Mahsa Amini, que ficou sob custódia policial por não cumprir o rigoroso código de vestimenta do país.
Entre os sancionados estão altos funcionários, agentes da polícia da moralidade de Teerã, líderes da Guarda Revolucionária e veículos estatais de imprensa. No entanto, os países membros da UE ainda não decidiram classificar a Guarda Revolucionária como um grupo terrorista, apesar dos pedidos da Alemanha e Holanda. O governo iraniano já advertiu a UE contra essa possibilidade.
Nesta segunda, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que antes de adotar esta medida é necessária uma decisão judicial de um dos membros do bloco. "Não podemos dizer: 'Te considero terrorista porque não gosto de você'. Isso poderá ser feito quando um tribunal de um Estado-membro emitir uma declaração legal, uma condenação concreta", explicou.
Já o Reino Unido sancionou outras cinco pessoas, entre elas o vice-procurador-geral iraniano, Ahmad Fazelian. Ele é responsável, de acordo com o governo britânico, por "um sistema judiciário caracterizado por julgamentos injustos e penas desproporcionais, incluindo o uso da pena de morte por razões políticas".
"Alireza Akbari foi uma vítima trágica deste brutal sistema", acrescentou Londres, referindo-se ao britânico-iraniano executado em 14 de janeiro após ser declarado culpado de espionar para os serviços de inteligência do Reino Unido.
Entre os demais sancionados nesta segunda está Kiyumars Heidari, comandante das forças terrestres do Exército iraniano, e Hosein Nejat, responsável pela segurança em Teerã da Guarda Revolucionária. O ministro britânico de Relações Exteriores, James Cleverly, disse que quem sofreu correções nesta data está "no centro da brutal repressão do povo iraniano por parte do regime".