Parte do teto da mesquita e paredes ficaram destruídasMaaz Ali/AFP

Uma explosão dentro de uma mesquita no noroeste do Paquistão deixou ao menos 33 mortos e mais de 150 feridos nesta segunda-feira, 30, informaram as autoridades locais. O templo fica localizado no quartel-general da polícia na cidade de Peshawar.
"A maioria das vítimas eram policiais", disse Ghulam Ali, governador da província de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital. As equipes de emergência iniciaram uma grande operação, correndo contra o tempo para tentar retirar as pessoas dos escombros, depois que um muro da mesquita e parte do telhado desabaram.
O ataque aconteceu durante a oração da tarde. Além do complexo da polícia, o local também abriga sedes de diversas agências de inteligência. A cidade de Peshawar fica perto da fronteira com o Afeganistão.
"Há muitos policiais enterrados nos escombros", disse o comandante da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan, que calculou a presença habitual de entre 300 e 400 oficiais na oração. Já o porta-voz do principal hospital de Peshawar, Muhammad Asim Khan, afirmou que "é uma situação de emergência", e confirmou o balanço de 33 óbitos. 
De acordo com a polícia, o ataque ocorreu na segunda fila de fiéis que estavam rezando. Equipes de retirada de minas foram enviadas ao local devido ao temor de que a ação tenha sido um atentado suicida.
Shahid Ali, um policial de 47 anos que sobreviveu à explosão, afirmou que a detonação aconteceu poucos segundos depois do início da oração pelo imã. "Vi uma fumaça preta. Corri para me salvar. Ainda escuto os gritos das pessoas. Gritavam para pedir ajuda", disse.
As autoridades decretaram alerta máximo em todo o país. Na capital Islamabad, franco-atiradores foram posicionados para proteger alguns edifícios e pontos de acesso à cidade.
O ataque ocorreu no dia em que estavas programada uma visita a Islamabad do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed Al Nahyan. A viagem foi cancelada - oficialmente por causa das chuvas. Na terça-feira, 31, está programada a visita de uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para negociar a liberação de um empréstimo e evitar que o país entre em moratória.
Histórico
Em março de 2022, um ataque suicida contra uma mesquita da minoria xiita em Peshawar reivindicado pelo EI-K, braço local do grupo extremista Estado Islâmico, deixou 64 mortos. O atentado foi o mais grave registrado no Paquistão desde 2018.
Peshawar, a 50 quilômetros da fronteira com o Afeganistão, foi cenário de atentados praticamente diários na primeira metade da década de 2010, mas a segurança melhorou nos últimos anos. Nos últimos meses, no entanto, a cidade registrou muitos ataques, vários deles contra as forças de segurança.
De modo geral, o país vivenciou nos últimos meses um agravamento da situação de segurança, em particular desde que os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021. Após vários anos de relativa calma, o braço paquistanês dos talibãs, Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o EI-K e grupos separatistas baluches voltaram a executar atentados.