Karla StelzerReprodução: redes sociais

Israel - A brasileira Karla Stelzer Mendes, que estava desaparecida em Israel desde o ataque do Hamas no último sábado, 7, foi encontrada morta. A informação foi confirmada pelo Itamaraty na manhã desta sexta-feira, 13. 
Em nota, o Itamaraty afirmou que o governo "lamenta e manifesta seu profundo pesar com a morte da cidadã brasileira Karla Stelzer Mendes, de 42 anos" e que "reitera seu total repúdio a todos os atos de violência contra a população civil". 
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer também confirmou a informação. "Acabamos de confirmar que ela faleceu e o enterro dela é hoje (13). O filho dela que está servindo ao Exército aqui acabou de nos confirmar", disse Meyer a "GloboNews".
Karla, que nasceu no Rio de Janeiro e tem cidadania israelense, morava no país com o namorado, com quem se relacionava há seis anos e também morreu. Ela tinha um filho de 19 anos.
A carioca, 42, era a última brasileira identificada como desaparecida no país. Além de Karla, o gaúcho Ranani Glazer, de 24 anos, e a carioca Bruna Valeanu, também de 24, morreram. Os três estavam na festa rave que foi interrompida pelo ataque do grupo terrorista Hamas.
Repatriação
O governo israelense autorizou o envio de dois aviões do Brasil para o resgate de cidadãos do país na última segunda-feira, 9. A aeronave da FAB já estava em Roma (Itália) quando a autorização foi concedida, após sair do Rio Grande do Norte no domingo.

O KC-30 é a maior aeronave da FAB e consegue voar uma distância de 14,5 mil quilômetros. De acordo com a FAB, outros dois aviões deste modelo serão utilizados na missão em Israel, além de dois KC-390 e dois VC-2.
Em nota, o Ministério afirmou que a Embaixada em Tel Aviv ainda estaria recebendo, por meio de formulário online, pedidos de brasileiros interessados em repatriação. "O Ministério das Relações Exteriores reitera a orientação no sentido de todos os nacionais que possuam passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do aeroporto Ben-Gurion, que continua a operar".

Os candidatos à repatriação devem seguir critérios de prioridade Em um primeiro momento, residentes no Brasil sem passagem aérea serão priorizados.
Segundo o Palácio do Itamaraty, mais de 2 mil brasileiros já procuraram as autoridades para retornar ao país. Na quarta-feira, 11, o ministro Aloysio Mares Dias Gomide Filho, diretor do departamento consular, ressaltou que está sendo feito um "pente-fino" na lista, pois foram verificados nomes duplicados ou, até, triplicados. Neste número, estão incluídos também os nomes dos 425 brasileiros que desembarcaram entre quarta e quinta.
O ministro pontuou que não necessariamente todos os nomes da lista solicitaram repatriação. Segundo ele, em alguns casos, os brasileiros registraram os nomes apenas para solicitar informações da Embaixada e informar a situação do conflito.
No primeiro avião da Operação Voltando em Paz, 107 passageiros desembarcaram em Brasília e 104 seguiram para o Rio de Janeiro em dois aviões da FAB. As testemunhas da guerra agradeceram e demonstraram a sensação de alívio durante o desembarque no aeroporto. Em meio ao choro, o grupo relatou a tensão e momentos angustiantes vividos nos últimos dias em Israel, com o zunido de mísseis e toque de sirenes.
Já no segundo, 214 brasileiros chegaram ao Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, na madrugada de quinta. O avião KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou às 12h30 de Tel Aviv e não fez escala. Três gatos e um cachorro também estavam na aeronave.
Do total de passageiros, cinco desembarcaram em Recife. Os demais seguem para outras cidades: 29 têm como destino final a cidade de São Paulo; nove vão para o Rio de Janeiro; outros nove para Belo Horizonte; cinco para Recife, quatro para Goiânia; quatro para Porto Alegre; dois para Vitória; um para Uberlândia (MG) e um para Cuiabá.
Brasileiros e reféns
O grupo palestino Hamas bombardeou Israel e levou reféns para a Faixa de Gaza. Na segunda-feira, 9, o grupo chegou a afirmar que haveria uma execução de refém para cada bombardeio de Israel no território. A ameaça não intimidou os militares israelenses, que continuam bombardeando o enclave palestino um dia depois do comunicado.
Na manhã de quarta, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que há brasileiros entre as pessoas que estão sendo mantidas reféns. O anúncio foi feito por um porta-voz do Exército israelense. Segundo ele, há também reféns da Argentina. O número e suas identidades não foram confirmados pelo governo israelense.
Mais tarde, o porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel, Jonathan Conricus, afirmou que não há confirmação completa sobre brasileiros feitos de reféns pelo grupo terrorista. Ao Estadão, Conricus disse que os relatos de militares e fontes anônimas indicam que pode haver brasileiros entre os reféns, mas que não é possível ter certeza sobre isso no momento "A situação no momento é muito confusa e não dá para afirmar com toda a certeza que há brasileiros", disse.
De acordo com o Palácio do Itamaraty, também não há informações em relação à terceira brasileira desaparecida por conta do conflito. Sobral também disse que o governo brasileiro ainda trabalha para a confirmação da possibilidade de reféns brasileiros na região.