Membros da Guarda Costeira iemenita afiliados ao grupo Huthi patrulham o marAFP
Circulação marítima sob tensão
Muitos armadores têm preferido interromper a sua atividade nesta zona e optar por um itinerário alternativo, que passa pelo Cabo da Boa Esperança sul-africano, muito mais longo e, portanto, mais caro.
Além disso, outra região está sendo afetada, neste caso por um fator climático. A seca que atingiu o Canal do Panamá desacelerou consideravelmente o tráfego de navios entre a Ásia e os Estados Unidos.
Em tempos normais, cerca de quarenta navios passam pelo Canal todos os dias. Esse número foi reduzido para 24 atualmente.
Atrasos e paralisações
A Tesla informou que a sua produção ficará suspensa por duas semanas na sua fábrica europeia, entre 29 de janeiro e 11 de fevereiro. A fábrica da Volvo em Gante, na Bélgica, planeja fechar por três dias este mês, por falta de caixas de câmbio, cuja entrega foi atrasada por "reajustes nas rotas marítimas".
"As empresas de bens de capital ou de eletrônica podem sofrer atrasos. E para aquelas que trabalham em um ritmo frenético e com pouco estoque, a situação pode ser problemática", confirma Ano Kuhanathan, economista da Allianz Trade, à AFP.
Na Espanha, a Associação de Fabricantes e Distribuidores (AECOC) anunciou que vários setores anteciparam as suas encomendas de determinadas matérias-primas e mercadorias, como mobílias e produtos têxteis, com os quais já observam problemas de entrega. O objetivo, destacou a aliança, é "evitar interrupções na cadeia de abastecimento".
Até o transporte de gás natural liquefeito será "afetado" pela escalada no Mar Vermelho, alertou nesta terça-feira o primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdulrahman Al Thani, um dos principais produtores mundiais, no Fórum de Davos.
Pressões inflacionárias
Um dos índices de referência para medir o custo do frete de mercadorias enviadas da China, o Shanghai Containerized Freight Index (SCFI), dobrou em um mês. O custo adicional do combustível é estimado em 20%, segundo o Container xChange.
Esta plataforma logística estima que a crise no Mar Vermelho poderá aumentar os custos do transporte marítimo em 60%, com um bônus de cerca de 20% para o seguro dos armadores. Tudo isso alimenta receios de uma inflação renovada.
O centro de análise Oxford Economics estima que tudo isso poderá acrescentar sete décimos à inflação mundial no final deste ano, na hipótese de que "o Mar Vermelho esteja fechado aos navios durante vários meses e os custos de transporte permaneçam em torno do dobro dos preços de dezembro".
Tudo dependerá, portanto, da duração da crise. "Contornar a África e não passar mais pelo Canal de Suez é mais caro e demorado. Mas no momento é mais um problema de segurança do que de logística", disse Siegfried Russwurm, presidente da BDI, a organização dos industriais alemães, na terça-feira.
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