Imigrantes são resgatados em bote no Canal da Mancha, que divide a França e o Reino Unido BEN STANSALL/AFP

Um número recorde de pessoas pediu asilo na França em 2023, informou, nesta terça-feira (23), a autoridade de proteção de refugiados, semanas depois de o governo endurecer as condições para acolher migrantes em meio a pressões da extrema direita.
O país recebeu cerca de 142.500 solicitações de proteção internacional no ano passado, 8,6% a mais que no ano anterior e o número mais alto já registrado, indicou o Escritório Francês de Proteção de Refugiados e Apátridas (Ofpra).
“Esse avanço não é específico da França, e sim faz parte de um contexto europeu e é na realidade inferior à média europeia, que deve ficar entre 15% e 20%”, disse à AFP Julien Boucher, diretor-geral da Ofpra.
A Alemanha, por exemplo, registrou em 2023 cerca de 350.000 pedidos, lembrou a agência francesa.
Conflitos como o da Ucrânia, catástrofes naturais como secas e inundações e crises humanitárias como a do Afeganistão provocaram mais de 110 milhões de deslocamentos forçados no mundo, apontou a ONU em meados de 2023.
Na França, os principais solicitantes de asilo são os afegãos, com 17.500 primeiras demandas apresentadas, seguidos por migrantes de Bangladesh (8.600), Turquía (8.500), República Democrática do Congo (8.000) e Guiné (7.000).
O país europeu tem uma longa tradição de acolhimento, mas o Parlamento aprovou no mês passado uma nova e controversa lei migratória, mais rígida sob a pressão da direita e da extrema direita.