Segundo a ONU, a Rússia 'impõe a língua, a cidadania e as leis' nos territórios ocupadosReprodução / Universidade da Virgínia
ONU acusa Rússia de semear o 'medo' e eliminar a 'identidade ucraniana' nas áreas ocupadas
Entidade afirma que as crianças estão especialmente entre as vítimas da supressão russa
A Rússia cria um "clima de medo" nas áreas ocupadas da Ucrânia, onde as suas forças realizam "detenções arbitrárias", "tortura" e tentam suprimir a identidade ucraniana, especialmente entre as crianças, anunciou a ONU em um relatório publicado nesta quarta-feira (20).
"A Rússia cria um clima de medo constante nas áreas ocupadas da Ucrânia, cometendo violações em grande escala do direito internacional humanitário e dos direitos humanos", segundo o relatório citado em uma declaração do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e baseado em 2.300 entrevistas com vítimas e testemunhas.
A Rússia "impõe a língua, a cidadania, as leis, o sistema judicial e os programas educacionais russos, ao mesmo tempo que suprime expressões da cultura e identidade ucranianas", afirma.
As crianças são a principal preocupação devido à substituição do currículo escolar ucraniano pelo russo, à introdução de livros didáticos que justificam a invasão e ao recrutamento de menores em organizações juvenis "para incutir neles a expressão russa do patriotismo", diz o texto.
Desde o início da invasão, há dois anos, as forças russas realizaram "detenções arbitrárias de civis, muitas vezes acompanhadas de tortura e maus-tratos", além de "desaparecimentos forçados", acrescenta.
Dirigidas inicialmente a pessoas consideradas uma ameaça à segurança, estas repressões foram posteriormente ampliadas a "qualquer pessoa considerada contrária à ocupação".
As autoridades de ocupação "cortaram" televisão, rádio, Internet e redes móveis ucranianas, desviando o tráfego para as redes russas, "o que lhes permite controlar a informação acessível online", detalha a ONU.
Os habitantes das zonas ocupadas "são incentivados" a denunciar uns aos outros, "o que os faz ter medo até dos próprios amigos e vizinhos", sublinha.
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